sexta-feira, junho 03, 2005

Semana passada

Minhas publicações sempre acabam saindo meio atrasadas, mas estou tentando não deixar de escrever.

Eu acabei passando o final de semana passado de acessório do Vini e o Z (e tb do Renato), porq na minha ultima sessão de terapia a Shanti me deu várias recomendações pra eu não ficar sozinha e qdo eu cheguei em casa e contei prá eles isso, eles não me deixaram mais.
Foi bom, porq realmente eu não tava podendo ficar muito sozinha mas tb não tava me coordenando muito bem prá fazer muita coisa por iniciativa própria.

Sexta (27/05), tirei o dia de folga porq eu precisava marcar alguns exames, consultar com meu pneumo e ver algumas coisas pessoais (na área prática) q estavam meio enroladas.
Eu não tava legal, sexta de manhã, acordei com uma sensação de tristeza, bem ruim, achei q era um repé por causa do agito de quinta-feira (durante o "Namastê de Portas Abertas).
Mas tb sentia q tinha uma outra coisa me remoendo e que eu não tava identificando.
De novo, começaram a vir lembranças sobre o meu pai, sobre a minha carência com ele e todo o enrosco.

De tarde, eu falei com o Pablo, e acabamos entrando nesse assunto tb, e eu fui ficando mexida, ele queria q eu dissesse o q tava me deixando mal, eu acabei desabafando um pouco com ele, chorando (apesar de me sentir altamente incomodada de estar tão vulnerável na frente dele) e ele foi muito doce, ficou comigo, conversou, fez massagem, me deu um baita suporte.

Cheguei com esse 'meximento interno' prá terapia, das fichas q estavam caindo sobre o qto eu preciso falar com meu pai. Desengatar da historia com ele prá poder andar na minha vida e o qto, ao mesmo tempo, eu tb não quero fazer isso, por q é doloroso, me dá medo, porq eu alimentei meu ódio e meu ressentimento por ele a minha vida inteira.
Eu me sinto muito justificada na mágoa q eu tenho dele, e isso até é real, porém qto mais eu me agarro nesse ressentimento, mais dor, mais mágoa e porcaria fica dentro do meu coração e eu não consigo me libertar, não consigo confiar nos homens e na verdade em pessoa nenhuma.
E q eu preciso assumir o amor frustrado q eu tive e ainda tenho por ele, mas ao mesmo tempo, não quero de jeito nenhum sentir isso.
Não me permito.
Quero ficar apegada na dor porq eu acredito q é um direito meu.
Só q se eu não perdoar, eu vou continuar ficando doente, vou continuar não conseguindo confiar em homem algum, vou continuar com essa relação quero/não quero q eu tenho com os homens, e vou continuar atraindo a energia de homens iguais ao meu pai (como é o caso do Amauri, em alguns aspectos).
Q todas as vezes q eu começo historia com algum cara, isso fica muito misturado, é a mesma relação, não tem muita diferença dentro de mim.
E q de alguma maneira, a historia do Amauri e do Pablo, deixou isso muito mais latente prá mim. Não é a história deles q me pega diretamente, é o rolo com meu pai.

E tb falei q parece q o meu corpo, pede q com urgência eu faça algo sobre isso, por mais dificil q pareça. Qto mais eu tento colocar isso prá baixo do tapete, mais dor, mais angústia e mais doença vai vir, porq existe uma necessidade de q eu limpe isso.
Falei do medo q isso me dá, e ao mesmo tempo, do esgotamento q eu sinto por ficar andando em círculos nos meus relacionamentos.
E q se o preço q eu tenho de pagar prá conseguir andar é esse, q eu tb sou a fim de fazer.
Mas q a sensação de q isso só vai me machucar mais é muito forte.
Falava isso e chorava.
Eu me sentia frágil, vulnerável e ao mesmo tempo, precisava muito falar nisso, então seguia chorando e contando.
Ela disse q se meu coração me diz, eu tinha mais é q fazer e logo, porq não foi algo q alguém me sugeriu e q não era mais o meu racional dizendo q isso seria bom, e sim uma coisa profunda, de limpeza, de intuição.
Q se eu tivesse me esforçando por fazer esse movimento porq ela (ou qualquer outra pessoa) me falou, podia até ser bom prá mim, mas ia ter um lance de racionalidade.
Só q eu estou querendo dar esse passo porq eu sinto, internamente, o qto é bom prá mim.
Q ela tb enxerga o qto seria positivo e o qto isso mudaria a minha energia interna e o tipo de cara q eu iria atrair.
Eu tb disse prá ela q eu sinto q eu me envolvo com o mesmo tipo de cara q o meu pai, prá poder fazer o meu pai e a minha mãe se sentirem culpados.
Eu estou me ferrando prá castigar os dois.

Me vem a sensação q, se eu falar de toda a porcaria q ficou dentro de mim todo esse tempo, meu peito vai aliviar, e eu vou conseguir abrir caminho pra perdoar eles.
Talvez eu não os perdoe de cara, mas ... o movimento inicial vai abrir o espaço q eu preciso.

Eu não sei como vai ser fazer isso de verdade, mas ... preciso fazer sem expectativas, sem cobranças, mas fazer o movimento.

Voltei prá casa, liguei prá minha mãe, pedi o número dele, ela me deu, eu comecei a ligar, dava sempre ocupado. Liguei prá ele o sábado todo e sempre dava ocupado, e depois eu liguei prá minha irmã, expliquei q queria falar com ele, ela me deu outro número de celular e eu comecei a ligar e dava sempre como desligado. Acabei enviando uma mensagem e ele me ligou, disse q tinha visto a mensagem, q tinha deixado o telefone desligado porq trabalhou no final de semana e marcamos de nos ver no sábado q vem.
Foi estranho falar com ele ao telefone.
Faziam 16 anos q eu não tinha o menor cto com ele.
Ele começou a ligação meio preocupado, perguntou o q eu queria conversar, eu disse q tinha de ser pessoalmente, depois ele me disse q ficava feliz q eu quisesse vê-lo depois de tanto tempo, e eu disse q era dificil mas q eu precisava fazer isso.
Ele comentou q tinha tentado ir na casa da mãe, mas q tinha se perdido,
e eu lembrei q a mãe havia comentado algo assim e respondi q eu soube dessa tentativa mas, q pelo q eu sabia, ele tava bêbado e por isso não se achou.
Ele riu, disse q eu continuava direta e dura, como sempre.
Foi esquisito ele me dizendo isso.
Eu era assim com ele: dura, raivosa, fazendo o possível prá machucar
(tanto é, q eu podia ter poupado de fazer o comentário sobre o fato dele estar bêbado
mas não segurei, só depois me dei conta).
Mas fiquei com a sensação q ele não faz a menor noção da dor q tudo isso traz pra mim.
Ele ignora completamente o qto tem dor dentro de mim, na relação com ele.
Com a minha mãe é diferente...
Eu sinto que ela sabe o tamanho do pepino que vai vir na hora que eu começar a falar.
E ela preferia que eu não falasse nada.
Ela não consegue ver que pode ficar melhor prá todos nós,
depois que despejar a porcaria prá fora.
Eu senti nela o medo, a culpa, o remorso, e um esforço de me fazer
sentir injusta e culpada por querer que ela ouça falar nisso agora.
Foi sempre esse o jogo dela. Me fazer sentir culpada, exigente, injusta, má, egoísta.
E ela fez isso de novo essa semana.
Tanto é que ela entrou em estado depressivo desde segunda-feira,
quando eu disse que vou falar com meu pai.
E eu me deixo pegar nesse rolo. Eu vi isso com clareza nessa semana.
Tenho q estar atenta para não desistir dessa história pra que ela não fique magoada comigo.
Mas eu, apesar de ficar meio atrapalhada por sentir isso nela,
ainda estou mais preocupada comigo.

Me dei conta que não reconheço a voz do meu pai.
Eu não consigo lembrar de como é o rosto dele.
Eu fiz muita força prá colocar tudo isso escondido no lugar mais fundo,
prá esquecer dele e de tudo q isso causava prá mim.
E eu esqueci do rosto dele mas não dos sentimentos ruins que existiam.
Tá tudo aqui, na ponta do iceberg, pronto prá explodir,
precisando sair prá fora, sob pena de eu me detonar mais e mais.

Nunca fui o tipo de pessoa que enche a cara, toma um porre,
usa drogas, come até explodir, etc., etc.
Minha forma de me detonar é engolir meus sentimentos e
ficar doente. É assim que eu me destruo.
Não sou mais a fim disso prá mim.

No final das contas, decidi que vou para o sítio no final de semana,
ficar com a galera,
fazer o trabalho de final de semana (Clube da Luluzinha e Bolinha)
e me preencher.
E, na semana que vem, vou enfrentar o meu monstro.
Foi assim que eu vi essa história a vida inteira ...
um monstro que eu precisava
fingir que nunca tinha existido.
Queria me convencer - como a minha mãe tenta se convencer até hoje,
e também a mim, que se eu nunca mais tocar no assunto
e fingir que nada aconteceu, isso vai deixar de existir.
Não funcionou.
Na real, nunca funciona fingir que uma emoção que tu tem, não existe.
Pode até demorar um tempo, mas o monstrinho, que tinha o tamanho de um camundongo, vai ficando maior e tomando conta do teu coração e te deixando mal, te limitando os movimentos, te impedindo de ver com clareza, de agir com esponeidade, de ser/fazer /viver o q vc for a fim. E eu já acumulei muito lixo nesse meu tempo de silêncio e fuga.
Tenho 34 anos de idade, e pelo menos tenho todo esse lixo trancado a sete chaves e me impedindo de amadurecer de verdade.
Foi estranho porq depois de começar a me mover, prá limpar essa história passei por uma semana em que tive de tudo: fiquei sensível, tive tosse, fiquei sem tosse, tive vontade de chorar, algumas vezes chorei, depois fiquei extremamente animada, tudo se alternando.
Consegui não ficar furiosa com isso (já foi uma mudança e tanto).

Ontem tava tirando tarô prá mim, sobre isso, e pedi uma dica das deusas.
E a resposta: tenho de celebrar as mudanças que eu já atingi e tb tenho de viver essa dor, colocar toda prá fora, prá poder me expandir, descobrir que o meu espaço é bem mais amplo do que eu acreditei até hoje.
Achei tão bonito!!! Eu vou me expandir!
Tô precisando ... tenho me sentido sufocada
dentro da vidinha limitada e cheia de medos que eu me permiti viver até hoje.
Não tenho mais vocação prá ser um 'bernardo-eremita'.
Tem um lado da minha pessoa, que tá precisando se expandir.
Como diz o Pranshu, eu tenho muito mais prá dar (e parece que pela primeira vez na vida, eu sinto que isso pode ser verdade - e eu nunca tinha achado que isso fosse possível).
Tô com medo tb, mas ... não vou desistir de mim.
Já fiz isso várias vezes.
Eu sei q desistir de mim, só me leva prá lugar nenhum.

Legal mesmo tem sido, sentir o amor das pessoas quando eu conto o que estou passando.
Não fazia idéia do quanto o carinho das pessoas é fortificante.
Não fazia idéia do quanto é menos difícil falar do que eu estou vivendo,
do que viver tudo sozinha, duvidando que as pessoas pudessem me aceitar com o que
eu vivi, com o que eu sinto.
Ainda tenho dificuldades de falar de tudo, mas estou falando.
E nem tem sido um esforço tão difícil.
Algumas vezes é muito bom!!!

Até depois ...
Namastê!!!!

Um comentário:

Hueraldy Huerison disse...

Posso ajudar nessa limpeza em sua vida???

Quem sou eu

Minha foto
Garibaldi, RS, Brazil
Sem palavras pra descrever