terça-feira, junho 21, 2005

Renato

Tem coisas na minha vida que são meio sem explicação.
Como quando eu conheci o Vini e caí de amores por ele.
De contar coisas q eu não tinha coragem de contar prás minhas amigas.
Dos lances de sexo, curiosidades, medos, inseguranças.
Coisas que faz bem pouco tempo que eu comecei a falar prás minhas amigas,
e que para ele eu já falava há um tempão.
De ouvir ele falar de um mundo completamente diferente do meu
e ir ampliando as minhas perspectivas.
Claro q, tem o meu rolo, a segurança que ele me traz.
Nunca precisei me preocupar que o Vini venha a me atacar, me seduzir.
Meu rolo com os homens não pega com ele.
Mas isso eu enxerguei faz pouco tempo.

Falei tudo isso por causa do Rêna.
Foi quase a mesma coisa.
Conheci o Rêna, qdo o Vini levou ele num sarau que teve no Namastê
(nem lembro qdo foi isso, mas faz tempo)
Achei ele um doce de pessoa.
Mas, a gente não ficou amigo, próximos.
Eu só simpatizei.
Perguntava dele para o Vini, gostava de vê-lo. E era isso.

E daí, faz um tempinho (uns dois meses, eu acho), a gente tá mais próximo.
Ele tá sempre com a gente.
E me pegou num período tri tumultuado, e ao mesmo tempo, mais aberto.
Onde eu comecei a falar de todos os meus rolos prá grande maioria dos meus amigos.
E como ele chegou na minha vida bem nessa época,
tornou-se amigo de confiança, de uma hora prá outra.
Ele tem acesso a coisas a meu respeito,
que muitos outros amigos demoraram a saber.
E ainda nem sabem, na real.

E ele tem alguma coisa que fecha comigo,
talvez o mesmo tipo de carência, talvez a mesma forma reservada de ser,
e ao mesmo tempo tão necessitado de pessoas por perto, de toques amorosos.
Talvez a mesma capacidade de trabalhar e só ver o trabalho pela frente.
De engolir coisas que não é a fim, prá tentar provar prá si mesmo
que é adulto, forte, racional.
Talvez, o mesmo romantismo...
Ou talvez, nada disso, mas ... tem algo que bate.

Também tô falando tudo isso por que, desde ontem,
queria falar com ele e não rolou.
Fiquei preocupada, ele não me pareceu legal.
E sabe quando você se dá conta que se importa muito com aquela pessoa?
Não é a mesma coisa que gostar um pouco, é se importar muito.
Meio parecido, com a antipatia que eu tinha com o Gabriel/Frodo
porque eu achava que ele não tratava o Vini, como ele merecia.
Me lembro que naquela época, eu entendi o quanto eu me importava com o Vini.

Eu, as vezes, acho que o Rêna não se trata bem.
E fico incomodada, e quero que ele se trate diferente.

Acho que também tem relação com o fato
de que eu já tive pouca compaixão por mim.
E eu vejo isso nele também.
E isso é dolorido. Eu sei.
Queria poder fazer ele entender que isso não é legal.
Ao mesmo tempo fazer ele enxergar que tem de se cuidar melhor.
Que por mais preocupação que eu tenha por ele,
ele tem de se amar muito, eu não posso fazer nada a respeito.
É tudo com ele, mas ... que eu estou por perto e amo ele como ele é.
Eu sinto isso por vários amigos: o Vini, o Z, o Lu, a Lu, ...
Mas me deu vontade de falar sobre o Renato.
Sei eu lá ...
Deixar registrado.
Pareceu importante.

segunda-feira, junho 20, 2005

O que eu estou disposta a fazer??

Hj eu acordei meio mal. Emburacada.
Me sentindo uó.
Me pegou de novo, aquela vontade de me apaixonar,
por um cara bem apaixonado por mim.
E daí, eu fiquei mal. Porq a carência e a necessidade estão grandes.
Quando eu sinto isso, a fome de sexo diminui, porq eu não quero
qualquer pessoa ... eu quero A PESSOA.
Que não é nenhuma pessoa em especial (graças a Deus) mas q tem de ser especial prá mim.

De noite, fui prá casa da Saravati e estávamos conversando e a Geeta fez uma pergunta.
O que a gente estaria disposta a fazer prá atingir o que é a fim?

Eu ainda não sei o q eu sou disposta a fazer, mas ... acho q preciso ser a fim de mais do q eu fiz até agora. Não sei bem como mudar a energia de desistência e desânimo com relação a isso q sempre me pega ... mas sou a fim de mudar a minha história.

O que eu sou a fim de fazer????
O que for necessário.

sexta-feira, junho 17, 2005

O encontro/ a conversa

Eu tenho hepatite C, descobri no ano passado qdo fui doar sangue para o pai da Amrita.
E desde então eu faço acompanhamento para ver como o meu figado está reagindo.
Na verdade, eu tenho hepatite no sangue mas ela está quietinha,
não se manifesta e não me prejudica em nada, até o momento,
mas tenho q ficar acompanhando a situação.
Há algumas semanas atrás meu gastro pediu para eu fazer uma biópsia
para q ele pudesse ter certeza de algumas coisas,
e ela estava marcada desde então para o dia 16 de junho de 2005.
Deu o acaso q na véspera eu tive a conversa com meu pai. Coisas da vida.

Bom, ontem eu fui para o Namas, conversar com a Shanti,
e ela me sugeriu uma meditação chamada "no-mind",
onde eu poderia dar vazão a um pouco da carga no gibberish,
mas sem pirar demais, sem soltar a maior pressão,
porq ela achava q eu precisava daquela carga para encontrar com ele.

Depois da meditação, eu me sentia exatamente assim:
dei uma aliviada mas não descarreguei,
só deu uma acalmada prá não pirar até as 21h.
fiquei no Namas até quase 20h, fui prá casa e esperei.
Meu pai chegou antes das 21h (uns 10 min antes).

Eu disse prá ele q tinha tido um dia ruim.
Q a perspectiva de encontrá-lo não me deixava tranquila,
q nossa relação nunca tinha sido legal e
por isso eu tava meio tensa.
Ele admitiu q tinha sido um dia dificil prá ele,
tinha ficado meio nervoso,
perguntou se eu achava q devíamos conversar,
podíamos adiar mais um pouco.
Eu só disse q 'nem pensar',
já tínhamos protelado por tempo demais a conversa.

O Vini tava em casa, no quarto.
Nós combinamos q se eu me sentisse insegura ou qualquer coisa,
ele tava no quarto e era só eu chamar.

No início eu entrei na coisa da raiva com ele, como sempre.
Depois o Vini disse q o meu tom de voz não deixava dúvidas
q eu tinha entrado no lance da raiva quase q no primeiro momento.
Fácil fazer isso, qdo é com ele.

Comecei a falar de como eu senti ele, a presença dele,
ou a falta da presença na minha infância, a ausência, a irresponsabilidade.
Eu nem lembrava, mas ele disse q eu já tinha esse discurso,
desde pequena, q ele sabia q eu tinha essas cobranças.
Me disse algo sobre ser uma pessoa q tinha muita fome de viver,
e acabar não vendo se com isso ele estava passando por cima das outras pessoas,
se ele tava machucando alguém.
Q a pessoa q é como ele acaba não pensando nos outros, mas q não é por mal.

E daí me veio a sensação q, ou entrava de sola no assunto principal, ou eu não ia conseguir.

E daí eu perguntei se, nessa fome de viver dele, estava incluído no pacote tentar abusar de mim?
Num primeiro instante ele fez q não ouviu e eu repeti a pergunta.
E qdo eu repeti a pergunta eu já senti a dor, e comecei a chorar.
Ele me disse q sabia q eu ia falar disso, q ele tinha vergonha,
q era um assunto dificil de falar prá ele.
Q jamais em momento algum ele pensou q isso tivesse me machucado tanto,
mas ao mesmo tempo, ele tb tinha noção,
q eu rompi relações com ele por causa disso.
E ele não queria q eu chorasse, dizia prá eu me acalmar.

Eu disse q não conseguia falar do assunto sem chorar,
perguntei se ele algum dia fez noção do qto tinha me machucado.
Do fato de q, ele era ausente, irresponsável,
nunca tinha tido um comportamento amoroso comigo,
a não ser q estivesse embriagado
(o q obviamente prá mim, nunca tinha contado muito como demonstração de afeto)
e q qdo ele começou a reparar em mim,
foi no início da minha adolescência
e porq ele queria me comer.

Perguntei se ele fazia noção do nojo q eu sentia,
do medo q me dava, cada vez q ele começava com aquele jogo nojento,
de "fica aqui com o pai, senta no colo do teu pai, me abraça,
me beija, deixa eu te abraçar".
Ele nunca tinha me abraçado muito, até aquela época,
e de repente, ficou com uma vontade de ser amoroso,
carinhoso, desde q pudesse passar a mão nos meus seios e tudo mais.
E q única coisa que eu sabia era q precisava escapar, porq senão eu ia me fuder.
Falei da força física, da tensão muscular, q eu fazia prá escapar,
e do medo de contar prá alguém e as pessoas acharem q eu tinha feito algo de errado.
Q eu tinha certeza q eu tinha feito algo errado e por isso tinha vergonha de falar qualquer coisa. Da confusão q isso foi criando, da sensação de
frustração, do ódio q eu comecei a alimentar,
da revolta pois na frente da mãe,
ele sempre implicava com tudo q eu dizia, fazia ou falava,
mas qdo ela não tava junto entrava naquele jogo de sedução nojento.

Falei q isso veio com força no meu casamento,
q várias vezes qdo o Jerry me tocava eu entrava na viagem da historia com ele
e rejeitava o Jerry, ficava enojada, com raiva, em pânico.

Da sensação de não ter com quem contar prá me ajudar.

Eu chorava, as vezes chingava, ele pedia prá eu me acalmar, não chorar.
Dizia q tinha vergonha, q quase desistiu de vir porq tinha muita vergonha de tocar no assunto,
q ele tinha saído do normal dele, nunca tinha sido tão escroto com ninguem, e várias coisas.
Mas q ele sabia q não podia ficar sem ouvir essa historia de mim, sem saber o q eu tinha sentido.
Nunca tinha imaginado o qto podia ser doloroso.
Não imaginava q eu lembrava de tudo com tanta força.

Eu falei da raiva q eu fiquei dele e da mãe,
qdo a história veio a tona,
mas ninguém tocou no assunto.
Mudaram-se as regras da casa,
eu não podia mais ficar com ele sozinha na casa, mas ...
ele podia me visitar e eu não podia discutir, reclamar, questionar.
Qdo isso aconteceu: eu tive certeza q eu tinha feito algo muuuuuito errado,
porq eu me sentia punida pelo q tinha sido descoberto.
Q eu precisava desesperadamente q alguém conversasse comigo,
dissesse q eu não tinha feito nada errado,
mas q o silêncio se instalou e eu comecei a pensar q eu era louca,
q eu tinha inventado tudo aquilo,
q não era possível q os dois soubessem de tudo e convivessem naturalmente,
e q a única pessoa q tinha raiva e revolta era eu, e ainda era questionada por isso.

Falei q teve uma hora q eu desisti, não tentei mais ser ouvida.
Tinha ódio, queria q ele morresse,
tava com raiva da mãe, mas desisti,
se eu continuasse me debatendo eles iam me enlouquecer de qualquer maneira.

Q aos 18 anos, eu tinha enchido meu saco,
tinham sido 7 anos convivendo com a farsa,
recebendo as visitas dele, sem a minima vontade de vê-lo.
Todo mundo: primos, tios, me questionando porq eu nunca
olhava prá cara do meu pai, nunca falava com ele,
e q eu só dizia q eu não gostava dele, não queria ele por perto, mas ... aguentava.
E q daí, eu cansei.

Passei a ficar fechada no meu quarto, estudar,
ficar mais e mais arredia com ele e com a minha mãe.
Já não chamava ele de pai há vários anos.
Prá mim, eu nunca tinha tido um pai, não tinha motivo prá chamá-lo assim.

Q qdo ele desistiu de ir em casa me visitar,
prá mim foi um alívio.
Q eu tinha tentado fazer o mesmo q eles:
deixar de tocar no assunto,
fingir q não tinha acontecido e
fazer o q eu pudesse fazer por mim, sem ajuda.
Mas q prá mim isso significava nunca mais olhar prá cara dele.
E q eu esqueci do rosto dele, da voz dele.
Só não esqueci q eu tinha muito ódio e ressentimento.
E nada se resolveu fingindo q não aconteceu, ficou até pior.
Falei q eu entrei na igreja prá ser diferente dele.
Do medo de ter filhos e acabar fazendo a mesma coisa q ele.
Falei de todas as pirações q a historia já me trouxe.
E ele ficou duro, sem conseguir reagir, nem ao menos chorar.
Tentou várias vezes se defender, e eu só dizia q ele tinha de me ouvir até o fim.
Eu via q doía mas ele se segurou. Mas ficou bagunçado.
De repente, acabou.
Eu não queria mais falar, tava vazia, aliviada.

Daí eu ouvi todas as argumentações dele
(tinha esquecido o qto ele era argumentador),
ele pediu perdão, disse q não sabia o q dizer, o q fazer.
Q sempre soube q eu deixei de falar com ele por causa do ressentimento nessa historia,
mas tinha medo de me ouvir, tinha vergonha.
Ele não imaginava q doesse tanto e ao mesmo tempo ele imaginava tb.
Disse q entendia, q não era só o fato da historia q me doía.
O q me doía mais, e só agora ele conseguia enxergar,
era q ele nunca tinha me amado como um pai qdo eu era criança
e precisava muito disso, e q ao crescer
ele me deixou claro q não tinha o amor de pai prá me dar.

Ele disse "tu só queria q eu te amasse como filha e eu nunca te dei isso!!"
Nessa hora eu chorei muito ouvindo ele.
Parece q ele tinha me entendido.
Ele tb disse q eu não precisava me sentir culpada.
Q eu não tinha feito nada de errado,
e q a ilusão q eu alimentei de q todo mundo tinha passado
por cima da historia e tinha resolvido não era real.
Ninguem tava com nada resolvido.
A sombra teve ali o tempo todo.
Mas q ele queria q eu sentisse q eu não tive culpa.
Tb chorei muito ouvindo isso.
Eu precisava ter compaixão por mim no meio desse tumulto.

Sei q a conversa foi até umas 23h.

Ele me perguntou se a gente ia continuar se falando,
ou se eu só precisava desabafar e depois a gente nunca mais ia se ver.
Eu disse q não tinha preocupação, q eu sabia q a gente podia conversar mais,
outras vezes, q ele pode me ligar, q eu vou ligar prá ele, q eu quero conhecer meus irmãos,
mas q antes de nós conversarmos, eu não ia conseguir fazer nada disso. Q naquele momento, eu tava me sentindo muito cansada, mas q outras vezes a gente vai se falar.
Saiu um peso enorme de dentro de mim.

Não bateu um grande amor pela pessoa, mas uma sensação de limpeza,
e de q o q ele podia entender, já tinha sido dito, eu tinha esvaziado.
Pedi para ele ir embora por causa do meu cansaço físico, mas eu me senti bem.

Só tive q dormir com o Vini, porq não tava a fim de ficar sozinha,
delicada do jeito q eu tava me sentindo.
Ontem, depois da biópsia eu tava me sentindo bem.

O cansaço me bateu forte hoje.
Não conseguia sair da cama.
Dormi quase o dia todo.
Parece que todo o meu corpo pediu folga.
Já foi, já passou toda a adrenalina, agora eu preciso descansar.

Mas agora de tarde já estou bem melhor.

foram muitas emoções em um curto espaço de tempo.

quarta-feira, junho 15, 2005

Hoje

Hoje, as 21h, eu vou encontrar com meu pai.
Isso, se ele não inventar uma desculpa de novo prá fugir da história,
como ele fez no final de semana.
Ele vai lá em casa.
Acabei achando melhor prá poder ter uma pessoa q eu confie por perto.
Combinei com o Vini prá ele ficar junto.

As nossas ultimas conversas por telefone foram bem mais leves prá mim,
eu até conseguia chamar ele de pai,
coisa q eu não fazia muito, nem qdo a gente se via mais seguido,
q dirá nos ultimos 16 anos.
Mas hj ...
eu tô quase com uma crise de fibro instalada no meu corpo.
Tô tensa, dura, meu trapézio quase lateja de tão rígido.
Ontem de noite eu já tava mal.
Um pouco triste, um pouco irritada,
uma sensação de esgotamento, de desistência,
de não vale a pena, melhor ficar quieta e sumir.
Hj é a rigidez, os músculos duros.
A sensação de tristeza, de raiva, de sufocamento.
Consigo lembrar q essas sensações eram as que eu vivia
quando a gente se encontrava, mas
não consigo mudar as sensações.
Tô assustada, agitada, angustiada.
Tô com raiva também.
A mandíbula tá dura, a respiração tá diferente,
como seu eu fosse para o "eu te odeio" nos próximos 5 segundos.
Se eu não tivesse decidido q vou nessa história até onde tiver de ir,
eu juro q desistia agora mesmo.
Meus braços dõem, por causa da tensão nos meus ombros.

É louco perceber o quanto o meu corpo reflete o meu estado emocional.

Antes eu não enxergava isso.
De uns tempos prá cá,
não importa o que esteja vindo,
eu tenho sensações corporais que parecem gritos,
de tão forte que eu sinto.
Foi assim quando revi o Amauri e tive as sensações corporais fortes
sobre querer ficar com ele,
foi assim na semana passada, quando entrei na onda que precisava transar,
e senti o agito interno que isso tava me causando.
Está sendo assim hoje, com a tensão pré reencontro.
Eu queria gritar até explodir.
Mas talvez seja até bom que eu não possa fazer isso.
Talvez ... eu precise levar essa carga toda para a nossa conversa.

terça-feira, junho 14, 2005

Só vou gostar de quem gosta de mim

Em uma maratona da formação 4,
o Milan disse que eu tinha de considerar uma música
como um lema prá mim, dali por diante:
"Só vou gostar de quem gosta de mim", do Roberto Carlos.
Eu lembro que ele até cantarolou a música um pouquinho.
Eu fiquei olhando prá ele e não entendi como fazer isso.
Mas eu nunca esqueci do que ele falou.
Até hoje, acho que ainda não aprendi a fazer isso, mas ...
estou aprendendo.
Depois de passar a vida buscando ser rejeitada, sofrer,
me esforçar para não dar certo,
eu ainda não aprendi a fazer o que ele me sugeriu,
mas sinto que já melhorei bastante do que era.

A letra da música é assim:

De hoje em diante/Vou modificar o meu modo de vida/
Naquele instante que você partiu/Destruiu nosso amor/
Agora não vou mais chorar/Cansei de esperar/De esperar enfim/
E pra começar eu só vou gostar/De quem gosta de mim/
Não quero com isso dizer que o amor/Não é bom sentimento/
A vida é tão bela/Quando a gente ama e tem um amor/
Por isso é que eu vou mudar/Não quero ficar chorando até o fim/
E pra não chorar/Eu só vou gostar de quem gosta de mim/
Não vai ser fácil eu bem sei/Eu já procurei/Não encontrei meu bem/
A vida é assim/Eu falo por mim/Pois eu vivo sem ninguém

Naquela época, eu ainda era apaixonada pelo Vijay.
E tinha desistido de tentar com qualquer outra pessoa,
pois o único cara que me interessava,
não era a fim de mim.

De alguma forma, o conselho funcionou.
Só não sei explicar como.
Hoje eu tenho um grande carinho pelo Vijay.
Mas já me apaixonei por outros caras,
já desisti, já tentei de novo.
Acho, que ainda não aprendi a usar a música como lema,
mas não vou desistir de tentar.

segunda-feira, junho 13, 2005

Intimidade, proximidade, vulnerabilidade

Eu quero me apaixonar e ser correspondida!
Eu quero confiar na pessoa que eu sou para
não ter medo de mostrar-me para o outro.
E acho isso difícil!
Intimidade,
proximidade,
vulnerabilidade,





Primeiro Seja

Relacionar-se é uma das maiores coisas da vida:
é amar,compartilhar.
Para amar é preciso transbordar de amor
e para compartilhar é preciso ter (amor).
Quem se relaciona respeita e não possui.
A liberdade do outro não é invadida, ele permanece independente.
Possuir é destruir todas as possibilidades de se relacionar.
Relacionar é um processo.
Relacionamento é diferente de relacionar-se:
é completo, fixo, morto.
Antes devemos nos relacionar conosco mesmos
e escutar o coração para a vida ir além do intelecto,
da lógica, da dialética e das discriminações.
É bom evitar substantivos e enfatizar os verbos.
A vida é feita de verbos: amar, cantar,dançar, relacionar, viver.

"Osho"

sábado, junho 11, 2005

Ilusões

Quando eu era criança eu tinha muitos sonhos.
Brincava sobre os meus sonhos.
Eu queria fazer faculdade (falava nisso desde os três anos),
queria um emprego, sair, passear, ter amigos.
Mas eu lembro de uma das minhas brincadeiras preferidas
(daquelas que eu só brincava quando estava sozinha, ou seja, brincava muito disso):
eu imaginava que eu tinha uma família, daquelas bem tradicionais;
"papai, mamãe, filhinhos, filhinhas."
Eu até tinha me esquecido o quanto eu brincava disso.
Nos últimos meses essa lembrança tem voltado seguidamente.
Nos meus sonhos e brincadeiras, meus pais gostavam de mim do jeito que eu era,
não ficavam tentando me consertar o tempo inteiro,
não passavam a maior parte do dia me criticando e reclamando que eu falava alto demais,
que eu não sabia me comportar, que eu não obedecia, q eu me fazia de surda,
que eu não conseguia entender que eu tinha de ser responsável.
Eles não se incomodavam se eu era muito sincera,
se tudo que eu pensava ficava estampado na minha cara,
até achavam legal que eu fosse assim.
Gostavam que eu desse gargalhadas escandalosas.

Eu ganhava tanto carinho dos meus pais imaginários ...
Eu tinha irmãos e irmãs, e adorava todos eles e ganhava muita atenção de todos.
Tinha com quem conversar, para quem fazer perguntas, com quem brincar,
tinha uma casa grande e espaçosa, podia pular, gritar, dar gargalhadas
e todo mundo achava isso legal.
Tinha um cachorro e não tinha medo dele.
Havia árvores na minha casa e eu subia nelas para ver o movimento da casa e da rua.
Eu tinha uns irmãos mais velhos que já tinham filhos e eu podia cuidar dos filhos deles.
Eu me sentia feliz, quando eu tava nesse mundinho de brinquedo que, na verdade,
era realizado pelas minhas bonecas.

Era muito maluco, pois muitas vezes, quando eu ficava muito triste,
eram estes sonhos que me davam uma esperança de que algum dia,
eu ia ter tudo que eu desejava e eu ia ser bem feliz.

Depois eu fui desistindo.
Não tinha como fazer isso.
Meu mundo não tinha irmãos e irmãs,
meu pai nunca estava comigo
e quando estava me criticava, implicava.
Minha mãe parecia nunca ficar satisfeita com nada que eu fazia,
se eu fosse muita inteligente, ela se incomodava;
se eu fosse menos esperta do que ela queria, ela também se incomodava.
Parecia que eu nunca acertava a medida, nunca era o suficiente.
Eu tinha que entender que eu não tinha isso e ponto final.
Um dia ... depois de uma briga com meu pai, eu desisti.
Fiquei chorando, deitada no sofá, e passou pela minha cabeça que não adiantava nada.
Não estava incluído no meu pacote de vida a família que eu tanto desejava.
Eles não gostavam de mim, e era isso.
O mundo real, não tinha espaço prá ficar acreditando, tendo esperanças.

Mas quando eu conheci a igreja, isso reacendeu.
Eu era adolescente, tava com muita raiva dos meus pais,
principalmente do meu pai.
Tinha raiva, nojo, ressentimento, ódio.

E os missionários chegaram falando que as famílias podem ser eternas,
e que, se a tua família de origem,
não era legal, não fazia o que Deus queria que elas fizessem,
tu podia construir a tua família legal, obedecendo a Deus,
e ser adotada por uma família que tivesse seguido o evangelho
e fosse considerada merecedora da exaltação.
Eu podia ter outra família.

Nem eu me lembrava do tamanho da esperança que isso acendeu dentro de mim.
Dia desses que eu senti, o quanto aquela promessa tinha impacto nos meus sonhos.
Existia uma luzinha no final do túnel, uma chance,
de que eu, por minha própria conta, sem depender dos meus pais,
conseguisse construir a 'minha família feliz'
(como num hino da igreja em que as crianças diziam:
"A mamãe é um amor/
papai é trabalhador/
somos pois como se diz/
uma família bem feliz/
Minha irmã é uma flor/
meu irmão é protetor/
somos pois como se diz/
uma família bem feliz!")

Eu assimilei tudo que eles me ensinavam,
na esperança de ter uma família conforme a dos meus sonhos.
Lia escrituras, fazia seminário, instituto de religião,
dava aulas para crianças e adultas,
estava envolvida em tudo.
Me esforçava, queria que Deus me desse "o grande prêmio":
minha família eterna.
Eu topava qualquer negócio prá atingir o meu maior sonho.

Quando eu me casei e todas as minhas projeções,
imaturidades e regressões vieram com tudo,
e eu vi que não era tão simples assim,
e a relação não deu certo;
eu perdi as esperanças, de novo.
Eu desisti, de novo!

E sempre que eu começo a me mover prá fazer diferente,
prá acreditar, eu sinto que essa desesperança,
essa falta de confiança que algo possa ser legal,
essa sensação de que não vale a pena,
eu não mereço, não sou capaz, não sei fazer,
e um monte de coisas que me coloca muito prá baixo,
aparecem na minha cabeça, gritando,
me dizendo que nem vale a pena começar.
Como a minha cabeça grita, tagarela.
O tal do 'ego' é um saco!

Se eu der muita confiança para as idéias ruins que me vem,
eu nunca vou sair de dentro de casa.
Eu nunca vou me divertir, eu nunca vou comemorar,
eu nunca vou confiar, celebrar ou qualquer coisa legal.
Tem um gravador dentro da minha cabeça dizendo que 'NAO VALE A PENA!!"
E daí eu acho tudo difícil e paraliso,
e toda a energia ao meu redor,
paralisa,
fica uma engronha.

Eu tô com muito medo de enfrentar o novo!!!!
Mas, e se eu ficar nessa mesma coisa da vida inteira,
eu não vou para lugar nenhum.
Eu não quero me dar, me doar,
tô com medo, de ser julgada, machucada, me fuder.
E ao mesmo tempo, eu quero tanto amar,
confiar, acreditar em mim, nas outras pessoas.
Eu já conheci umas pessoas tão legais, tão amorosas, que me dão tanto.
Eu fiz uma nadabrama,
que mexe com essa coisa de dar e receber,
e eu me senti tão oprimida.
Eu ainda não quero me entregar, confiar.

Eu já fiz várias coisas prá crescer, mas acho que agora,
a história é mais profunda e a coisa de desistir,
de me sentir incapaz, de acreditar nessa incapacidade,
quer me pegar de todo jeito.
Eu quero me fazer de coitadinha, sem condições de lidar com a situação.
E EU ACHO UM SACO
ASSUMIR ESSA COISA DE VÍTIMA
COMO SE FOSSE A ÚNICA COISA QUE EU SOU!

Tá incluído no pacote, olhar essas coisas.
E continuar me movendo na direção do que eu preciso.

quinta-feira, junho 09, 2005

Libertação

Livre, enfim, da tala gessada que bloqueou meus movimentos durante essa semana toda.
Nem tinha me tocado que não havia citado isso no blog.
Só quando conversei com o Luciano, por telefone, hoje, é que me dei conta que não havia falado sobre o pé que eu enfiei em um buraco no final de semana e acabei torcendo.

Bom ... hoje fui ao médico, tirei a tala.
Tenho que usar um outro tipo de tala, faixa, sei eu lá que nome tem,
durante as próximas 4 semanas.
E fazer fisioterapia.
Mas tudo tranquilo, desde que eu possa tirar a tala e deixar de andar de muletas.

AAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIII!

Estou querendo me apaixonar!

Ontem, depois que eu já tinha atualizado o blog,
o Pablo veio aqui em casa e conversamos.
Chegamos a conclusão que viramos amiguinhos.
Eu já tava sentindo isso.
Comecei a tratar ele como eu trato o Vini, o Z, o Lu.
Amiguinho, quase filho, não que isso seja ruim, é legal,
mas ... não dá vontade de ficar junto, não é paixão.
E ele entrou numa onda parecida,
tá a fim de outra pessoa e tudo mais.
Foi quase um alívio! Prá mim e acho que prá ele também.
Consegui dizer prá ele que eu quero me apaixonar, ter uma história legal, focar, ir inteira e que essa coisa de "estoy aberta a 'dates'" não tava me ajudando no que eu quero.
Tava me dispersando isso sim.
Na teoria, até funciona. Na realidade é outra história.
Eu sou o tipo de pessoa que precisa de foco.
Várias vezes o Milan me disse isso. E agora eu sinto que ele tem a mais absoluta razão.

A Lu me disse que o Pablo puxa um pouco esse lado mãe na gente,
que talvez isso tenha me pego forte, e por isso transformou aquela energia de tesão,
de querer ficar com ele, na coisa de ser 'amiguinha'.
Não tinha sentido isso.
Percebia a energia de sedução dele que é muito forte
(não tão nojenta como a galera me descreveu que era;
acho que quando ele era assim 24 horas por dia,
eu nem sabia que ele existia)
mas não tinha idenficado essa coisa de querer ser cuidado,
que agora foi o que mais me pegou.
Quando eu vi, tava me sentindo meio responsável por ele.
Louco, né???
Como as vezes eu me sentia pelo Jerry durante o nosso casamento.
Como se a vida dele fosse minha responsabilidade.
Quando eu nem cuidava direito de mim.
Viagens da cabeça dessa escorpiana em fase de mutação.

Namastê!!!

quarta-feira, junho 08, 2005

Tchau (Catedral)

"Me cansei dos teus desenganos/
não entendo a tua fala/
nossa casa está vazia/
hoje à noite é o meu dia/
nossa vida virou novela/
e eu não sou nenhum personagem/
que se enquadre em teus delírios/
quero andar nas ruas e sentir frio/
no calor quero estar sozinho/

Me cansei das tuas mentiras/
eu não quero esse dia-a-dia/
não consigo fazer promessas/
tenho apenas o que me resta/
o teu jeito não me abala/
não me sinto bem no teu jogo/
vou voar mais alto que as nuvens/
entender de vez esse meu vazio/
te encontrar pra não ser sozinho/

Tudo é sempre a mesma coisa/
o mesmo jeito, toda vez/
tudo é muito relativo e a distância já nos fez/
somos serra e litoral/
nosso final é simples:
tchau "

terça-feira, junho 07, 2005

Paixão

Hoje, eu disse para o Vijay: "eu quero me apaixonar!!!",
com tudo q eu tenho direito, com tesão, alegria, pique, agitação.
Estou até topando os aspectos negativos de uma relação desde que eu viva os positivos.
Logo eu, que tenho tanto medo de quebrar a cara,
de sofrer, de ser traída de novo, de me entregar.

EU QUERO ME APAIXONAR, SER CORRESPONDIDA,
sentir, viver, gozar.
Ah ... eu quero tanta coisa!
Mas, na verdade, isso é o que eu mais quero, no momento.
Amanhã ... não sei, pode mudar tudo, mas desde ontem isso está gritando dentro de mim.

EU QUERO ME APAIXONAR.

Ontem eu já tinha dito isso para a Mahtab.

Em parte, eu quero o que eu sentia quando eu estava com o Amauri.
O tesão, o desejo, o calor, o agito.
A liberdade!
Eu nunca tinha sido assim, antes.
Eu nunca tinha dito para um homem as coisas que
eu me sentia a vontade em dizer para ele na hora da transa.
Experimentar isso, com ele, correndo os riscos que eu corria,
sentindo as travas dele, a desconfiança, o medo de amar
(sentimentos que eu reconhecia bem, por estarem dentro de mim)
me fez entender que eu posso muito mais.

Ah ... também me fez engatar horrores.
Eu queria mais ... e não rolou.

É como se tivesse sido meu primeiro namorado.
O primeiro namorado da pessoa que eu estou me tornando.
E eu queria mais.
Eu quero mais!
Eu mereço mais!
Eu preciso mais!
E eu tenho muito mais prá dar, então não quero coisa pouca.

Tava pensando ...
Nunca fui generosa com os caras.
Sempre dei mensagens confusas, não claras, não honestas.
Até mesmo para assumir que eu estava apaixonada pelo cara,
eu acabava sendo miserável.
Um saco!
Meu ex-marido que o diga.
Ele tinha seus defeitos, foi sacana e tudo mais...
Mas ele recebeu pouco.
Eu dava pouco.
Pouco sexo, nenhum tesão, pouco amor.
Porém; muitas responsabilidades, compromissos, obrigações,
doenças, cobranças, brigas, silêncios, choro, tristeza,
depressão, confusão, dúvidas.
O cara tem bons motivos prá me detestar.
Ainda bem que muita coisa mudou.
Ainda bem que eu deixei o estilo de vida "a caridade nunca falha!"

sexta-feira, junho 03, 2005

Semana passada

Minhas publicações sempre acabam saindo meio atrasadas, mas estou tentando não deixar de escrever.

Eu acabei passando o final de semana passado de acessório do Vini e o Z (e tb do Renato), porq na minha ultima sessão de terapia a Shanti me deu várias recomendações pra eu não ficar sozinha e qdo eu cheguei em casa e contei prá eles isso, eles não me deixaram mais.
Foi bom, porq realmente eu não tava podendo ficar muito sozinha mas tb não tava me coordenando muito bem prá fazer muita coisa por iniciativa própria.

Sexta (27/05), tirei o dia de folga porq eu precisava marcar alguns exames, consultar com meu pneumo e ver algumas coisas pessoais (na área prática) q estavam meio enroladas.
Eu não tava legal, sexta de manhã, acordei com uma sensação de tristeza, bem ruim, achei q era um repé por causa do agito de quinta-feira (durante o "Namastê de Portas Abertas).
Mas tb sentia q tinha uma outra coisa me remoendo e que eu não tava identificando.
De novo, começaram a vir lembranças sobre o meu pai, sobre a minha carência com ele e todo o enrosco.

De tarde, eu falei com o Pablo, e acabamos entrando nesse assunto tb, e eu fui ficando mexida, ele queria q eu dissesse o q tava me deixando mal, eu acabei desabafando um pouco com ele, chorando (apesar de me sentir altamente incomodada de estar tão vulnerável na frente dele) e ele foi muito doce, ficou comigo, conversou, fez massagem, me deu um baita suporte.

Cheguei com esse 'meximento interno' prá terapia, das fichas q estavam caindo sobre o qto eu preciso falar com meu pai. Desengatar da historia com ele prá poder andar na minha vida e o qto, ao mesmo tempo, eu tb não quero fazer isso, por q é doloroso, me dá medo, porq eu alimentei meu ódio e meu ressentimento por ele a minha vida inteira.
Eu me sinto muito justificada na mágoa q eu tenho dele, e isso até é real, porém qto mais eu me agarro nesse ressentimento, mais dor, mais mágoa e porcaria fica dentro do meu coração e eu não consigo me libertar, não consigo confiar nos homens e na verdade em pessoa nenhuma.
E q eu preciso assumir o amor frustrado q eu tive e ainda tenho por ele, mas ao mesmo tempo, não quero de jeito nenhum sentir isso.
Não me permito.
Quero ficar apegada na dor porq eu acredito q é um direito meu.
Só q se eu não perdoar, eu vou continuar ficando doente, vou continuar não conseguindo confiar em homem algum, vou continuar com essa relação quero/não quero q eu tenho com os homens, e vou continuar atraindo a energia de homens iguais ao meu pai (como é o caso do Amauri, em alguns aspectos).
Q todas as vezes q eu começo historia com algum cara, isso fica muito misturado, é a mesma relação, não tem muita diferença dentro de mim.
E q de alguma maneira, a historia do Amauri e do Pablo, deixou isso muito mais latente prá mim. Não é a história deles q me pega diretamente, é o rolo com meu pai.

E tb falei q parece q o meu corpo, pede q com urgência eu faça algo sobre isso, por mais dificil q pareça. Qto mais eu tento colocar isso prá baixo do tapete, mais dor, mais angústia e mais doença vai vir, porq existe uma necessidade de q eu limpe isso.
Falei do medo q isso me dá, e ao mesmo tempo, do esgotamento q eu sinto por ficar andando em círculos nos meus relacionamentos.
E q se o preço q eu tenho de pagar prá conseguir andar é esse, q eu tb sou a fim de fazer.
Mas q a sensação de q isso só vai me machucar mais é muito forte.
Falava isso e chorava.
Eu me sentia frágil, vulnerável e ao mesmo tempo, precisava muito falar nisso, então seguia chorando e contando.
Ela disse q se meu coração me diz, eu tinha mais é q fazer e logo, porq não foi algo q alguém me sugeriu e q não era mais o meu racional dizendo q isso seria bom, e sim uma coisa profunda, de limpeza, de intuição.
Q se eu tivesse me esforçando por fazer esse movimento porq ela (ou qualquer outra pessoa) me falou, podia até ser bom prá mim, mas ia ter um lance de racionalidade.
Só q eu estou querendo dar esse passo porq eu sinto, internamente, o qto é bom prá mim.
Q ela tb enxerga o qto seria positivo e o qto isso mudaria a minha energia interna e o tipo de cara q eu iria atrair.
Eu tb disse prá ela q eu sinto q eu me envolvo com o mesmo tipo de cara q o meu pai, prá poder fazer o meu pai e a minha mãe se sentirem culpados.
Eu estou me ferrando prá castigar os dois.

Me vem a sensação q, se eu falar de toda a porcaria q ficou dentro de mim todo esse tempo, meu peito vai aliviar, e eu vou conseguir abrir caminho pra perdoar eles.
Talvez eu não os perdoe de cara, mas ... o movimento inicial vai abrir o espaço q eu preciso.

Eu não sei como vai ser fazer isso de verdade, mas ... preciso fazer sem expectativas, sem cobranças, mas fazer o movimento.

Voltei prá casa, liguei prá minha mãe, pedi o número dele, ela me deu, eu comecei a ligar, dava sempre ocupado. Liguei prá ele o sábado todo e sempre dava ocupado, e depois eu liguei prá minha irmã, expliquei q queria falar com ele, ela me deu outro número de celular e eu comecei a ligar e dava sempre como desligado. Acabei enviando uma mensagem e ele me ligou, disse q tinha visto a mensagem, q tinha deixado o telefone desligado porq trabalhou no final de semana e marcamos de nos ver no sábado q vem.
Foi estranho falar com ele ao telefone.
Faziam 16 anos q eu não tinha o menor cto com ele.
Ele começou a ligação meio preocupado, perguntou o q eu queria conversar, eu disse q tinha de ser pessoalmente, depois ele me disse q ficava feliz q eu quisesse vê-lo depois de tanto tempo, e eu disse q era dificil mas q eu precisava fazer isso.
Ele comentou q tinha tentado ir na casa da mãe, mas q tinha se perdido,
e eu lembrei q a mãe havia comentado algo assim e respondi q eu soube dessa tentativa mas, q pelo q eu sabia, ele tava bêbado e por isso não se achou.
Ele riu, disse q eu continuava direta e dura, como sempre.
Foi esquisito ele me dizendo isso.
Eu era assim com ele: dura, raivosa, fazendo o possível prá machucar
(tanto é, q eu podia ter poupado de fazer o comentário sobre o fato dele estar bêbado
mas não segurei, só depois me dei conta).
Mas fiquei com a sensação q ele não faz a menor noção da dor q tudo isso traz pra mim.
Ele ignora completamente o qto tem dor dentro de mim, na relação com ele.
Com a minha mãe é diferente...
Eu sinto que ela sabe o tamanho do pepino que vai vir na hora que eu começar a falar.
E ela preferia que eu não falasse nada.
Ela não consegue ver que pode ficar melhor prá todos nós,
depois que despejar a porcaria prá fora.
Eu senti nela o medo, a culpa, o remorso, e um esforço de me fazer
sentir injusta e culpada por querer que ela ouça falar nisso agora.
Foi sempre esse o jogo dela. Me fazer sentir culpada, exigente, injusta, má, egoísta.
E ela fez isso de novo essa semana.
Tanto é que ela entrou em estado depressivo desde segunda-feira,
quando eu disse que vou falar com meu pai.
E eu me deixo pegar nesse rolo. Eu vi isso com clareza nessa semana.
Tenho q estar atenta para não desistir dessa história pra que ela não fique magoada comigo.
Mas eu, apesar de ficar meio atrapalhada por sentir isso nela,
ainda estou mais preocupada comigo.

Me dei conta que não reconheço a voz do meu pai.
Eu não consigo lembrar de como é o rosto dele.
Eu fiz muita força prá colocar tudo isso escondido no lugar mais fundo,
prá esquecer dele e de tudo q isso causava prá mim.
E eu esqueci do rosto dele mas não dos sentimentos ruins que existiam.
Tá tudo aqui, na ponta do iceberg, pronto prá explodir,
precisando sair prá fora, sob pena de eu me detonar mais e mais.

Nunca fui o tipo de pessoa que enche a cara, toma um porre,
usa drogas, come até explodir, etc., etc.
Minha forma de me detonar é engolir meus sentimentos e
ficar doente. É assim que eu me destruo.
Não sou mais a fim disso prá mim.

No final das contas, decidi que vou para o sítio no final de semana,
ficar com a galera,
fazer o trabalho de final de semana (Clube da Luluzinha e Bolinha)
e me preencher.
E, na semana que vem, vou enfrentar o meu monstro.
Foi assim que eu vi essa história a vida inteira ...
um monstro que eu precisava
fingir que nunca tinha existido.
Queria me convencer - como a minha mãe tenta se convencer até hoje,
e também a mim, que se eu nunca mais tocar no assunto
e fingir que nada aconteceu, isso vai deixar de existir.
Não funcionou.
Na real, nunca funciona fingir que uma emoção que tu tem, não existe.
Pode até demorar um tempo, mas o monstrinho, que tinha o tamanho de um camundongo, vai ficando maior e tomando conta do teu coração e te deixando mal, te limitando os movimentos, te impedindo de ver com clareza, de agir com esponeidade, de ser/fazer /viver o q vc for a fim. E eu já acumulei muito lixo nesse meu tempo de silêncio e fuga.
Tenho 34 anos de idade, e pelo menos tenho todo esse lixo trancado a sete chaves e me impedindo de amadurecer de verdade.
Foi estranho porq depois de começar a me mover, prá limpar essa história passei por uma semana em que tive de tudo: fiquei sensível, tive tosse, fiquei sem tosse, tive vontade de chorar, algumas vezes chorei, depois fiquei extremamente animada, tudo se alternando.
Consegui não ficar furiosa com isso (já foi uma mudança e tanto).

Ontem tava tirando tarô prá mim, sobre isso, e pedi uma dica das deusas.
E a resposta: tenho de celebrar as mudanças que eu já atingi e tb tenho de viver essa dor, colocar toda prá fora, prá poder me expandir, descobrir que o meu espaço é bem mais amplo do que eu acreditei até hoje.
Achei tão bonito!!! Eu vou me expandir!
Tô precisando ... tenho me sentido sufocada
dentro da vidinha limitada e cheia de medos que eu me permiti viver até hoje.
Não tenho mais vocação prá ser um 'bernardo-eremita'.
Tem um lado da minha pessoa, que tá precisando se expandir.
Como diz o Pranshu, eu tenho muito mais prá dar (e parece que pela primeira vez na vida, eu sinto que isso pode ser verdade - e eu nunca tinha achado que isso fosse possível).
Tô com medo tb, mas ... não vou desistir de mim.
Já fiz isso várias vezes.
Eu sei q desistir de mim, só me leva prá lugar nenhum.

Legal mesmo tem sido, sentir o amor das pessoas quando eu conto o que estou passando.
Não fazia idéia do quanto o carinho das pessoas é fortificante.
Não fazia idéia do quanto é menos difícil falar do que eu estou vivendo,
do que viver tudo sozinha, duvidando que as pessoas pudessem me aceitar com o que
eu vivi, com o que eu sinto.
Ainda tenho dificuldades de falar de tudo, mas estou falando.
E nem tem sido um esforço tão difícil.
Algumas vezes é muito bom!!!

Até depois ...
Namastê!!!!

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Garibaldi, RS, Brazil
Sem palavras pra descrever