quarta-feira, novembro 30, 2011

"Ainda não estou bem pra conversar. mas fica tranquila ainda podemos ser amigos." Foi o melhor que eu consegui dele. Mas considerando a confusão que eu causei, até que foi algo bom! Pena que agora eu sinto uma desesperança!

Experiências

Ontem eu tive uma experiência diferente,
cujo objetivo inicial era clarear meus sentimentos
e pensamentos sobre o meu relacionamento com o Ed.

Porém, na verdade, fui muito além.
Tive de relembrar minha história com meus pais.
E rever, aquilo que já vi várias vezes:
o quanto essa história mal desenhada ainda afeta o meu mundo.
O quanto um homem que entre na minha vida,
acaba chegando lá, na minha ferida e sem querer,
somente pelo fato de existir, acaba por mexer na lama que eu tanto desprezo.

Não posso esquecer-me dos motivos pelos quais
eu duvido das pessoas,
mas preciso aprender a olhar pra essa história
e encontrar o caminho suave pra poder amar!
Não sei se é uma tarefa fácil.
Na verdade, tem sido um desafio e tanto desde que me lembro.
E ver, de novo, esse evento, que há tanto tempo passou,
afetando meu jeito de lidar com os homens, é um tanto desanimador.

Mas, quem sabe, dessa vez,
eu consigo destruir efetivamente essa torre de isolamento que existe ao meu redor.
Quem sabe, ao encarar a dor do abuso, e do desamor,
que eu aprendi desde criança, eu consiga me libertar.
Não sei se o Ed vai ter paciência pra lidar com isso.
Talvez seja exigir demais de qualquer pessoa,
que me ame com a serenidade e paciência que eu exijo,
mesmo quando, aparentemente, não estou exigindo nada.
E, claro que eu complico, pois eu exijo atenção pra poder tentar.
Eu vou duvidar.
Ou eu vou me entregar de uma forma desmedida.
Não conheço o caminho do meio, ainda.
Espero conhecer esse caminho.

Eu sei que conversar me trouxe dor, lembranças ruins e desconforto.
Mas depois, eu me senti tão mais leve ...
Consegui lembrar do Ed, sem sentir um vazio absurdo.
Na verdade, eu penso no Ed com ternura.
Eu gostaria que ele tivesse a disposição pra ter paciência comigo,
E participasse desse meu processo, mas
sinto que não é muito justo.
Pode ser que ele tenha planos
bem menos complicados do que lidar com a minha carência e a minha dor.

Eu sei que o que sinto por ele,
é diferente.
Foi a minha primeira experiência de entrega,
e mesmo em pânico,
eu também estava curtindo.
Mas havia insatisfação, da minha parte
e, possivelmente, da parte dele também.
A minha insatisfação, fruto do imenso buraco de carência;
a dele ... devia ter outras motivações.
Mas eu gostaria de aprender a superar.
Na verdade, nunca fiz esse esforço.
Viver a experiência de lutar juntos para superar as dificuldades,
Valorizando a experiência boa, e reconhecendo que
se relacionar não é fácil, porém vale a pena.
Nunca experimentei isso.
Persisti com o Jerri por culpa e obrigações religiosas.
Acredito que nunca foi por amor.
Ele persistiu pelos motivos dele,
que eu nem faço idéia quais eram realmente.
Adoraria que o Ed quisesse participar desse processo comigo,
Por que neste momento, é com ele que eu me arriscaria a tentar ir adiante.
Mas, cabe a ele, abrir o coração pra me aceitar de novo.
Eu o oprimi, por causa da minha angústia,
e ele tem todo o direito de não estar disponível para continuar.
E eu preciso ser adulta o suficiente
pra lidar com, seja qual for, a opção dele.

Admito que me dói (não a dor devastadora que eu experimentei antes)
por que eu prefiro a presença dele na minha vida, neste momento.

Mas ... se não for assim, quem sabe, em algum outro momento,
com outra pessoa, eu conseguirei transformar minha dor
em amor puro, sem cobranças e penalizações
por algo que nem foi aquela pessoa que me causou.

segunda-feira, novembro 28, 2011

Sábado

Sábado de trabalho.
Ainda bem!
Pena que eu acordei,
excessivamente, cedo.
Fui dormir logo depois da meia noite.
Acordei às 5h da matina.
Não é tão anormal.

Desde que o Ed voltou pra Porto Alegre, mesmo antes de terminarmos,
eu não consigo dormir mais que 5h ou 6h, no máximo.
A cama me deixa cansada.
É vazia, fria, desnecessária.
Aumenta minha solidão.

Normalmente, eu levanto cedo,
e ajeito tudo que é necessário,
e antes das 10h estou com toda a casa arrumada.

Agora eu tenho que fazer o almoço
mas não me desorganizo apesar de não ter
com quem dividir tarefa alguma.

Hoje, eu até me esforcei,
por ficar deitada, por não me ocupar tão cedo,
mas não consegui por muito tempo.

É estranho perceber que quando estávamos juntos,
parecia que não havia tempo suficiente
para realizar os nossos planos.
Pra acordar às 8h pra poder caminhar,
tínhamos de colocar o despertador pra tocar,
se não, nenhum dos dois se levantava.
Hoje, eu não faço realizo mais tarefas em casa,
por não ter vontade de fazer mais.
Por que tenho tempo para tudo,
acordo cedo, sem despertador, e não tenho vontade de dormir.
E não tenho sono no desenrolar do dia.

Circular pela casa, me faz mal.
Tudo aqui, o tempo todo me deixa depressiva.

Olhar para a garrafa de suco, que eu nunca teria comprado,
Pois sou muito estabanada e prefiro não me arriscar.

Olhar para as prateleiras instaladas na cozinha ou na sala,
E lembrar da alegria dele,
Quando me mostrava mais uma parte da nossa casa arrumada.

Se eu tivesse a menor chance de ir embora daqui,
eu iria.
para não carregar comigo
essas lembranças todas.

Eu tirei todas as coisas dele de diante os meus olhos
para acalmar o meu sofrimento
porém, não serviu pra nada.
A única coisa do Ed que eu não tirei da minha frente
foi a caneca do Grêmio que está pendurada na cozinha.
Às vezes, eu tomo chá naquela caneca.

A ausência dele, grita nos meus ouvidos
o tempo todo.
Tomar chá naquela caneca é como um calmante.
Ilusório, mas me deixa menos consternada.

Eu não parei de comer,
mas não consigo me alimentar com vontade.
Cumpro um ritual pela saúde do meu corpo
Mas não tenho fome.
Consigo me alimentar melhor,
quando estou com outras pessoas,
mas, sozinha, aqui em casa, não funciona muito bem.
A fome até existe,
Mas o estômago tem rejeição.
Eu preciso me esforçar,
me concentrar na importância do alimento.

Comprei mistura pronta pra bolo: de brownie,
Que o Ed adora!
Não consegui fazer até agora.

Estava tentando me lembrar se quando me divorcei
A dor era tão intensa assim.
Acho que era mais relacionada ao conjunto de perdas:
a igreja, o casamento, os amigos, minha estrutura toda de crenças.
E eu também saí de casa.
Não fiquei com os fantasmas da casa me seguindo.
Aqui, eu não tenho escapatória.
A “nossa” casa me faz chorar.

sábado, novembro 26, 2011

Contradições

Eu ainda estou melancólica.
Mas bem mais centrada.
Na verdade, me sinto bem em alguns momentos.
Quase tranqüila.
Principalmente, no trabalho.
Porém, a noite, sozinha em casa, eu ainda me sinto infeliz.
A vontade de chorar segue comigo.
Em alguns momentos, eu deixo acontecer.
Em outros, eu simplesmente espero que a vontade passe.
Às vezes, dá certo.
Através das conversas com a Lú e com uma outra amiga,
eu consegui visualizar muito bem as minhas falhas
em toda a história e consegui ser bem realista
quanto aos possíveis sentimentos do Ed comigo.
Cheguei à conclusão, que é compreensível
que ele esteja bravo e decepcionado.
Porém, se ele realmente sente
(e estou usando a expressão no presente)
o que ele sempre disse sentir,
ele já poderia ter abrandado o coração e me compreendido.
O problema é que isso não aconteceu.
Desde sábado, não nos falamos mais,
e ele não fez o menor esforço para entrar em contato comigo.
Ou seja, ele não acalmou.
Ele não conseguiu me perdoar e
nem tentou entender a minha perspectiva de tudo que aconteceu.
E isso me fez pensar, que eu estava certa.
Talvez não tenha expressado do jeito certo,
mas existia algum tipo de sinal que me deixava em estado de alerta.
Não era algo, que eu soubesse explicar, conscientemente,
mas estava presente no nosso relacionamento.

Talvez, ele tenha ainda uma paixão,
mas aquela afetividade que te faz
reconhecer as falhas do outro
e ainda assim perdoá-lo e amá-lo,
nem sei se algum dia ele teve.
O que aconteceu foi que tivemos uma crise.
Vários casais passam por crises pesadíssimas.
Um dos envolvidos se perde, e o outro coloca ordem nas coisas.
Se move na direção do ser em tumulto
e auxilia numa compreensão melhor dos fatos.
O Ed só disse que se eu queria terminar, ele concordaria.
Simples.
E eu só enxerguei isso como rejeição total.
Acho que na verdade, ele quis passar
a responsabilidade de decidir o final da história pra mim.
E eu tomei a decisão.
A decisão com a qual eu menos concordei na vida,
mas que no meio do temporal
que o meu coração estava passando, parecia a única razoável.
Não sei como vários relacionamentos se mantêm,
com duas pessoas que mal e mal se toleram.
Eu nunca quis isso na minha vida.
Se ele não podia me ver, e tentar, pelo menos,
compreender o que estava me causando, não valia mais a pena.
Também pode ser que tudo isso sejam conclusões tiradas,
em um mundo fantasioso, afinal ele não me disse mais nada.
Quando as coisas não são ditas com clareza, muita confusão pode se criar.
Não sei de onde inventaram, que “pra bom entendedor, meia palavra basta”.
Interpretação de texto é uma matéria difícil,
imagina interpretar intenções e emoções,
no calor da vivência!!!!???
Ainda mais quando o texto não combina com as atitudes.
Mas se é verdade, ou não, não tem mais importância.
A única coisa que vai me fazer desistir da nossa história,
é essa:
eu acreditar, com veemência,
que ele não me ama mais,
e por isso não encontrou dentro dele a capacidade de me perdoar.
Que todas as promessas ditas pessoalmente e escritas,
em e-mail, mensagem de celular,
foram palavras ditas num momento de entusiasmo
e que perderam a força quando a realidade tomou conta das nossas vidas.
E quando ele precisou enfrentar, cara a cara, meu temperamento explosivo.
Aquele mesmo temperamento que ele
disse que reconhecia que eu tinha,
e que prometeu que nunca o afastaria de mim,
as promessas não resistiram aos fatos.
Eu desisti.
É a única forma que eu tenho pra sobreviver.
Desistir dele, acreditar que tudo foi ilusão.
Só ele poderia me esclarecer ou contestar,
mas como ele não tem essa vontade, eu vou acreditar no que eu quiser.
Eu vou buscar a minha cura.
Preciso me libertar dessa dor e decepção.
Ah, eu esqueci de dizer, pois acabei não atualizando o blog no dia correto.
Eu mandei um e-mail pra ele,
explicando tudo que eu consegui enxergar,
com a ajuda da Lú e da Si.
Como elas mesmas me fizeram compreender,
eu também perdi a calma e o
controle das minhas emoções e provoquei reações adversas.
E elas me fizeram pensar,
no tamanho do meu amor por ele,
e se tudo que eu disse era sincero,
que não custava nada, baixar a guarda e me expressar.
Mostrar humildade e sinceridade,
e reconhecer minha parte errada.
Ele não me respondeu.
Pensei em telefonar, mas ...
ainda não tenho confiança de que ele vá me atender.
E mesmo que ele me atenda,
não tenho confiança que seria uma boa conversa.
Se o coração dele ainda está fechado pra falar ou escrever,
não vale a pena forçar uma situação.
Então, decidi acreditar que o coração dele está fechado.
Assim, eu vou me convencer a seguir em frente.
Vou cuidar do meu corpo, da minha saúde,
da minha cabeça e do meu coração.

Porém preciso admitir, em algum cantinho,
dentro do meu coração, ainda existe uma esperança.
E espero que não me julguem muito mal por isso.
Sei que pra quem olha de fora,
é fácil tomar um partido e achar que,
ou eu errei totalmente, ou ele errou totalmente.
Mas nós dois cometemos diversos erros.
Mas havia uma história tão linda e intensa, que eu me desestabilizei.
Criei expectativas elevadíssimas a respeito da conduta dele comigo.
Perdi meu prumo e meu centro,
e como diz um grande amigo: “meti o pé na porta”,
com a sutileza de um elefante.

Contraditório, não acham?
Um lado que se propõe a acreditar que acabou,
Para manter a própria sanidade,
mantendo um cantinho reservado para a esperança
de que, se o amor era real,
ainda existe uma chance pra nós.

terça-feira, novembro 22, 2011

Osho

Sempre que acontecer belas experiências de alegria,
contentamento, amor, beatitude e benção,
lembre-se de uma coisa,
você não é o manipulador delas elas simplesmente vêm.
Sinta-se agradecido e diga obrigado,
e esqueça tudo a respeito delas.
Não as guarde em sua memória,
e não fique ganancioso a respeito delas.
Se você ficar ganancioso o ego já entrou e,
por vingança, ele começa a envenená-lo de novo.

Mais um dia passou ...

E ontem, durante as minhas horas de trabalho,
eu consegui me manter centrada.
Em alguns momentos, uma baixa de energia,
mas na maioria do tempo em equilíbrio.
Eu não quero compartilhar minha dor no ambiente de trabalho,
não é lugar para isso, e nem tenho esse nível de intimidade com ninguém.

Porém, a noite, quando voltei pra casa,
depois de ter visto algumas coisas que o garoto telepata
colocou no facebook, eu entrei em desespero.

Eu reconheço que estava destemperada e nervosa nos últimos tempos,
mas admito que não consegui deixar de amá-lo em dois dias.
Tive expectativas altas demais,
baseada em palavras ditas em momentos de grande emoção,
e me decepcionei.
Como eu sempre digo, o problema todo está nas expectativas.
Fiquei furiosa, num momento, mas agora, mais calma,
depois de ter conversado com a Lú
(que é ótima conselheira, diga-se de passagem)
eu consigo enxergar minha contribuição pra que as coisas se complicassem.

Não pensem que eu acho que errei sozinha.
Não acho, não.
Acredito que nós dois cometemos alguns erros,
e que os erros cometidos contrariaram as expectativas que tínhamos um do outro.

Mas ontem fiquei com a sensação que aquelas mensagens eram direcionadas a mim.
E que pareciam cheias de uma raiva que me chocou.
Voltei pra casa em prantos.
Na verdade, chorei no caminho todo (que é curtinho) até em casa.
E precisei ligar pra Lu.
Ainda bem que eu fiz isso.
As palavras dela, bem mais sensatas do que qualquer coisa
que eu pudesse pensar naquele momento, me acalmaram.
E, de certa maneira, eu consigo ouvi-la mais,
pois foi ela quem presenciou nosso período de convívio
e oferece uma perspectiva bem clara
sobre como nós éramos juntos.
Confio mais na perspectiva dela do que na minha
que já está turvada pela confusão.
A sensatez dela conseguiu me acalmar.
Depois que conversamos, eu consegui dormir.
Chorei um pouco mais, mas só pelo desabafo da dor de todas as noites.
Pena que eu não durmo mais do que 4h30min.

Acordar e me dar conta de que o Ed não está na cama comigo,
mas também não faz mais parte da minha vida, é doloroso.
Tudo nesta casa foi organizado por ele.
As prateleiras na sala foi ele que instalou.
As prateleiras da cozinha, o tanque na área de serviço,
as araras do quarto, a plaquinha que diz “100% Grêmio”,
que está na porta de entrada do apartamento,
a forma como a cozinha está organizada, tudo foi feito por ele.
E olhar essas coisas todas, me dá vontade de chorar,
pois a saudade que vem é enorme.
Eu sentia isso antes, mas agora que
ele não faz mais parte da minha vida,
parece muito mais doloroso.
Eu não vou mais observá-lo cozinhando,
que era uma coisa que ele achava estranho:
Eu adorava olhar como ele cozinhava!
Me divertia assistindo o jeito organizado dele.
me enternecia também, com toda a preocupação
pra que a comida ficasse do meu gosto.
No início me assustava um pouco,
com tanta organização
pois parecia algo meio compulsivo,
mas acostumei e passei a ter algumas manias parecidas com as dele.
Eu sempre pego manias das pessoas de quem gosto!
Eu sou assim!

Sinto falta do nosso cotidiano.
Pena que se desfez.
Pena que o nosso cotidiano não trouxe
um emprego pra ele, aqui, na terra dos gringos
(pra quem não é acostumado com vocabulário gaúcho,
gringos são os descendentes de italianos).
Talvez, se ele tivesse um emprego aqui,
ele se sentisse mais seguro, realizado.
Talvez ele não tivesse se afastado de mim.
Talvez eu não tivesse me afastado dele.

Agora não tem como saber a resposta pra esses “talvez”.
Sei que eu sinto fome, mas não sinto vontade de comer.
Me alimento por ter noção da necessidade do corpo.
Mas a vontade de comer, de dormir,
de sair, de conversar, de fazer qualquer coisa,
simplesmente, diminuiu.
Empacotei quase todas as coisas dele
E deixei no outro quarto
Pra não enxergar.
Mas a caneca do Grêmio está na cozinha,
E quando olho pra ela, a melancolia que vem é clara.
O chinelo continua no mesmo lugar.
Alguns filmes dele ainda estão em cima da prateleira.
E essas imagens, me deixam triste.

Eu já deixei registrado que não vou negar essa dor.
Não vou me forçar a sair dessa melancolia.
Aprendi que negar as emoções, só piora a situação.
Não vou ficar me debatendo.
Acredito que assim, as coisas podem
se resolver do jeito mais fluido possível.

Ele ainda é uma pessoa especial pra mim!
Por ele fiz coisas que jamais fiz
por qualquer outro homem que eu tenha me apaixonado.
E não fui forçada a nada,
E ele me ofereceu emoções que
Eu nem conhecia.
Nenhum homem pareceu me conhecer tanto quanto ele.
É a falta disso que me consome.

Foi o distanciamento disso que me fez ficar irada.
Eu queria manter a mesma sensação de completude,
e como diz o Osho, isso é uma ganância que não se pode atender.
A existência sempre prega peças, e quando ficamos
gananciosos, ela nos tira o que consideramos direito nosso.
Eu fiquei gananciosa!
Por que vivi algo tão intenso, tão inteiro,
tão impressionante dentro do que eu conhecia,
que menos que isso me pareciam migalhas.
Relacionar é um verbo bem complicado de conjugar.

segunda-feira, novembro 21, 2011

Separação

Na minha vida inquieta, muita coisa aconteceu nos últimos meses.
E o blog se tornou a coisa menos importante.
Porém, foi no blog que eu já encontrei conforto e compreensão sobre diversas experiências positivas ou negativas.
E neste momento, existe um fato que me marca e que eu preciso administrar de alguma forma.

Bom, eu saí de SP em agosto.
Pedi demissão no SESI, pois fui chamada para trabalhar em uma pequena faculdade no interior do RS. Foi um momento de felicidade sem explicação.
Pra uma pessoa que mantinha um relacionamento à distância, a oportunidade de, pelo menos, morar no mesmo estado que o parceiro parecia um presente.

O garoto telepata, já estava em Porto Alegre, e nós pudemos conviver a partir da minha chegada.
Namorar de verdade, mesmo que não morando na mesma casa, mas convivendo mais. Admito que nunca me senti tão feliz com uma pessoa.
Ainda não tinha disposição para a idéia de morarmos juntos, mas estava apreciando essa oportunidade como, talvez, nunca tinha aproveitado antes.
A gente se divertia juntos.
E eu aprendi que podia rir enquanto me relacionava.

Eu tinha feito um acerto para começar a trabalhar no interior em setembro, e ele, de forma extremamente otimista, já tinha certeza que logo também conseguiria um emprego na mesma cidade ou na região.
Nesse meio de tempo, minha mãe se acidentou, e eu tive a minha primeira crise com ele.

Naquele dia, no acidente da minha mãe, eu precisava de colo.
Tinha ficado assustada!
Achei que a minha mãe poderia ficar paraplégica, pois a única coisa que os médicos me respondiam é que ela tinha uma fratura numa vértebra da coluna.
Ouvir isso, para uma pessoa leiga, como eu, exerce um impacto aterrorizante.
Quando os médicos decidiram pela hospitalização da minha mãe, depois de termos ficado 8h aguardando no hospital, tudo que eu queria era um abraço do homem pra quem eu entreguei o meu coração.
Tudo que eu precisava era que ele me olhasse com aquela expressão de amor, e me desse um grande abraço e não precisava fazer mais nada.
Até por que não havia nada que ele pudesse fazer, além de me dar afeto.
Só que, infelizmente, a mãe dele não tinha sensibilidade para compreender isso (e ele estava morando com a mãe naquele momento), e ela não queria que eu ficasse lá.
Ele me falou (e muitas pessoas me disseram que ele não devia ter me dito, e eu acredito que ele fez o correto, pois seria terrível que eu ficasse por lá, com alguém me olhando de cara amarrada, num momento de vulnerabilidade minha) e eu me recusei a passar por essa situação ridícula.
Depois a mãe dele mudou de idéia, mas a bobagem já havia sido feita, e a minha atenção em relação a ela, acabou ali.
Eu estava pisando de leve e conhecendo o terreno (conhecendo a mãe dele),
a partir desse dia, decidi que nunca mais chegaria perto do terreno.
Procurei abrigo na casa do Lu e do Fábio, onde fui recebida e cuidada com todo o amor que eu precisava.
No dia seguinte, meu amor ligou pra me perguntar se eu queria dar uma volta com ele no Harmonia.
Confesso que fiquei estupefata!!!!
Eu não sabia se a minha mãe não ficaria paralítica e ele queria que eu fosse dar um passeio como se nada me preocupasse???!!!!
Mas eu não falei isso.
Apenas disse que não iria. O erro começou aí.
Durante a semana, longe dele, essa coisa engasgada começou a me incomodar.
Acabei decidindo que não valia a pena seguir com ele.
Decisão unilateral, mas a sensação de que sempre que eu passasse por uma emergência, por uma situação de estresse, que ele me deixaria sozinha, enquanto ele ficaria cuidando da família dele (da qual eu não faço parte) me deixou desconsolada.
Ele disse que eu estava decidindo as coisas em cima de uma situação em que ele se atrapalhou, mas que ficaria mais atento, e que eu não estava só.
Mas essa sensação ficou ali, guardada dentro de mim.
Depois ele foi pra Garibaldi, me ajudar a arrumar meu ap e procurar emprego.
Vivemos juntos por um mês e meio, mais ou menos. E eu curti demais.
Por mais receio que tivesse (afinal minha única experiência de casamento, foi um desastre) eu consegui perceber que estar com ele me fazia bem.
Mas, como diz a Lu, o Ed que chegou em 100% aqui pra ficar comigo, foi ficando partido e deixando partes dele irem pra Porto Alegre, conforme a dificuldade de conseguir emprego foi aparecendo.
Mas ele não compartilhou isso comigo.
Em alguns aspectos eu acredito que percebi isso e errei por não forçá-lo a falar comigo, e sabia que cedo ou tarde teria de voltar pra Porto Alegre, aonde ele teria oportunidades que aqui não surgiam, mas eu esperava que ele compartilhasse tudo comigo.
Ele compartilhou, dois dias antes de colocar os planos em prática.
Planos que estavam dentro da cabeça dele há dias, mas ele não me contou.
Eu soube, em parte, quando ele contou pra mãe, por telefone, e eu ouvi acidentalmente. Ali, eu fiquei muito magoada.
Mas eu não falei. Engoli.
Ou até falei, mas sem o peso do tamanho da mágoa que se criou em mim.
E quando ele ficou longe de mim, a lembrança dessa sensação de abandono só aumentou. Essa sensação de que partes dele já estavam em Porto Alegre, ficou maior.
E a sensação de que estar em Porto Alegre, deixava ele mais feliz do que estar comigo, foi aumentando.
Ele ficou 100% lá.
E eu fiquei em 50% aqui.
E isso me decepcionou.
Por que uma parte do meu coração foi com ele, e ele não me parecia sentir minha falta.
Pode ser viagem, pode não ser.
Agora eu considero qualquer possibilidade.
Mas o que eu sinto, é que ele ficou melhor sem a minha presença e eu fiquei sentindo saudades de um “sonho” que não tinha nada de real na minha vida.
(Eu e os meus problemas de auto-estima).
Essa sensação me transformou numa megera.
Não tinha nada de bom pra falar.
Só cobrança, dor e raiva.
E por mais, que tenha tentado explicar, e por mais que ele finja que tenta entender, nada mudou dentro de mim ou dentro dele.
E no último sábado eu vi, que ele vai me deixar cada vez mais de lado, e que eu ficarei cada dia mais reativa.
Por mensagem de celular eu encerrei essa fase.
Horrível, não???
Mas é o único jeito que eu consigo me afastar dele.
Não comentei que quando ele está perto, parece que exerce um poder, uma fascínio, que me faz sempre concordar com tudo que me diz.
Eu não consigo ficar furiosa com ele, pessoalmente.
A presença dele de certa maneira me inebria e eu me deixo conduzir.
Por telefone, a energia dele não se sobrepõe, e eu vejo o tamanho da minha mágoa.
E da minha raiva.
Ele concordou com o final.
Disse que eu devo fazer o que achar melhor.
Faz idéia do tamanho da dor que ler isso me causou?
Mas eu admito, que ele tem bons motivos pra concordar.
Se eu estou ficando reativa, agressiva e furiosa, como podemos nos relacionar???
E eu aceitei isso também.
Não é só a distância física que nos afasta.
É a distância emocional.
Quando estávamos separados por 1500 km de distância, éramos mais próximos, nos mostrávamos, pois era o nosso acordo.
Agora que a distância deve ser menor que 100 km, não nos expomos.
E ele está ocupado com todas as pessoas que importam pra ele, em Porto Alegre.
E acreditava que eu poderia engolir o fato de que eu vou ficar no fim da fila.
Só que eu não aceito.
Aceito ficar na fila, depois das meninas (as duas filhas dele).
Um lado meu (da filha abandonada pelo pai) acha isso, completamente justo.
Mas não admito perder espaço para todo o restante do universo dele.
Várias vezes, quando ainda morava em São Paulo, eu disse isso.
Que eu era muito temperamental e receava que ele não me suportasse.
Em resposta sempre ouvi, que ele percebia tudo isso, mas que eu não precisava me preocupar, nada disso seria um problema.
Mas foi, e é.
E agora estamos separados.
E a minha linda história de amor, com o garoto telepata, acabou.
Eu cheguei à conclusão que só conseguiria destruir as boas lembranças da nossa história com toda a minha raiva.
Então, era melhor desistir.
A realidade é que eu só consigo me sentir segura, quando estamos frente a frente, devido ao domínio (sexual) que ele exerce sobre mim.
Fico hipnotizada, inebriada com a energia que existe entre nós e aceito tudo.
Porém, nós não ficaremos próximos assim.
Eu vou morar aqui, em Garibaldi.
Ele vai ficar em Porto Alegre.
E a distância emocional, vai só aumentar, e a minha mágoa vai só crescer e a minha reatividade vai se tornar cada dia mais descontrolada.
Ele perdeu a paciência comigo.
Não se importa mais.
Não valoriza minhas emoções.
E isso só me faz ficar com mais raiva.
E desde então, eu choro.
Mudei meu status de relacionamento no facebook, escrevi no twitter, conversei com amigos, e eu choro cada vez que falo com alguém.
A dor de não poder conservar a ilusão de felicidade que eu tive, está sendo intensa.
Como tudo que eu vivi com o Ed.
Nunca fui de dividir com muita gente minhas decepções amorosas.
Mas pra eu poder superar essa história, preciso falar, escrever, chorar, espernear.
Na hora em que eu vou dormir, eu choro compulsivamente, pois é a hora em que a falta dele na cama comigo, se torna insuportável, assim como de manhã, quando lembro que ele não fará mais parte da minha vida.
Quando alguém me pergunta dele, eu me sinto dolorida, e choro de novo.
Não consigo falar nada pra ninguém, sem desmanchar em prantos.
Mas enquanto estou trabalhando, toda a dor se acalma.
Eu consigo pensar só no trabalho e esquecer de toda a dor.
Muitas amigas me lembram que tudo vai passar.
E eu sei que é verdade!
Já passei por tanta coisa, e eu sei que sou forte pra me reerguer de tudo.
Mas agora, eu estou afundada em autocomiseração, dor, decepção e tristeza.
Não esperem que em uma semana, eu supere tudo isso.
Eu aceito que eu tenho que viver essa dor e o que vier mais.
Pois eu também sei, que logo, logo serei substituída, pois eu sou lenta, demoro a colocar alguém no meu coração de novo, mas para a maioria das pessoas, basta olhar para o lado e aceitar qualquer pessoa na sua vida, e tudo está resolvido.
Quando eu tiver que enxergar isso, vou ficar em pedacinhos de novo.
Então, me permitam ficar em caquinhos, sem me julgarem ou condenarem como uma pessoa fraca.
Eu estou vulnerável, delicada e decepcionada! E preciso sentir isso!
Faz parte do momento. Vai passar, mas por agora, me deixem chorar muito!
Não pensem que eu jamais vou sair desse espaço.
Eu sei que vou sair.
Mas não sei quando.
E não vou maquiar a superação desse momento.
Ele só vai aparecer superado, quando estiver superado de verdade.
Mas uma história que me causou emoções intensas e desconhecidas desde o princípio, merece que a minha despedida dela, seja intensa, dolorida, cheia de saudade, pra que todos saibam que eu fui inteira e intensa com ele, como jamais fui com ninguém.
E isso merece ser vivido, até a última lágrima, se assim for necessário.

Eu ainda acredito numa coisa que um dia eu postei no facebook: que eu preciso me apaixonar por alguém “que me compreenda mesmo na loucura, ... apaixone-se por alguém que volte pra conversar com você depois de uma briga, depois do desencontro. Apaixone-se por alguém que sente sua falta e que queira estar com você.”
Mesmo no meio das minhas lágrimas, eu ainda sou a mesma pessoa, só que precisando da paciência de vocês com este momento conturbado pra mim.

Talvez, eu demore a conversar com vocês, sem chorar, mas não me interpretem mal.
Eu vou me recuperar, em algum momento.

Quem sou eu

Minha foto
Garibaldi, RS, Brazil
Sem palavras pra descrever