sábado, setembro 26, 2009

Divisão

Estou novamente cheia de dúvidas.
E não estou sabendo o que fazer.
De uns tempos pra cá,
tenho me preocupado mais com a saúde da minha mãe.
Ela não me parece bem.
Devido a esta percepção,
tenho sentido muita vontade de voltar para o Rio Grande do Sul.
Mas não sei se isso não é apenas uma grande ilusão.
Apesar de amar o Rio Grande do Sul como minha terra de origem,
apesar de sentir saudades dos amigos e da cidade,
eu considero que meu estado degringolou
de tal forma que não vale a pena viver por lá.
A decepção com os políticos que representam meu estado,
com a situação econômica e social tanto em Porto Alegre
quanto no estado em geral, é imensa.
E ao que parece, toda a população gaúcha escolheu permitir estes desmandos.
Apesar de morar no interior do estado de São Paulo,
leio os jornais de Porto Alegre praticamente todo o dia,
acompanho a Record News Sul para saber as últimas notícias da região.
E, sinceramente, elas não são boas.
Tanto na questão ambiental, nos desequilíbrios climáticos,
quanto nas questões sociais, políticas e econômicas.
Meu estado é governado por uma mulher
- cuja administração está completamente sob suspeita -
e meus conterrâneos colocaram aquele ser humano no posto que ela atua hoje.
E, ao que parece, devem estar gostando de ser roubados,
pois ela continua sendo a governadora do estado.
Uma humilhação absoluta, nossa primeira governadora,
não conseguiu manter uma lisura administrativa,
todo o grupo chamado por ela para administrar
parece não ter resistido a oportunidade de roubar
a máquina pública e o contribuinte gaúcho.
O meu lado curioso por política, para o qual eu nunca dou muito incentivo,
não consegue ficar completamente abstraído da situação.
Eu fico completamente envergonhada.
Não fui eu que a elegi e acredito que a maioria dos meus amigos
não o faria, mas em algum momento nos omitimos de forma intensa,
senão ela não estaria na posição que está.
O prefeito do município de Porto Alegre é José Fogaça,
e a governadora é Yeda Crusius.
Meu conterrâneos elegeram pessoas não por sua competência,
mas por sua visibilidade pública,
e apesarem de pagarem o preço de sua incompetência administrativa,
estão deixando todos os desmandos acontecerem.
Quase me sinto como se tivesse nascido no Maranhão,
e tivesse de suportar os desmandos do coronelismo.
Pelas minhas últimas leituras, não está muito diferente no RS.
E eu estou mais preocupada com o bem estar físico da minha mãe.
Mas, por estas questões políticas, não consigo visualizar uma oportunidade
para retornar ao RS, meu estado não me serve mais.
Não é mais um estado de pessoas educadas e cultas.
Não é mais um estado cujas contas sejam melhores administradas
que no restante do Brasil.
Improbidade administrativa por improbidade administrativa,
eu prefiro o Kassab e o Serra.
Nunca transferi meu título eleitoral.
Sempre acompanhei a política do RS para poder continuar votando no RS.
Agora estou pensando em mudar essa posição.
Mas ... e se eu resolver voltar.
Mas ... voltar para o que???
Existe algo no estado do RS que possa me oferecer alguma oportunidade?
Tenho pós-graduação, não sou uma pessoa completamente sem preparo,
apesar de achar que deveria ter mais conhecimentos acadêmicos,
sou culta, tenho inteligência, curiosidade, capacidade de me desenvolver.
E que oportunidades, o RS oferece para uma bibliotecária formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com pós graduação em Administração de Negócios, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com 10 anos de experiência em Bibliotecas Universitárias, e agora atuando em Biblioteca Escolar ( e repensando todo o meu posicionamento político e social justamente devido a esta atuação).
O que o RS tem de interessante pra mim, tirando os meus amigos e a minha mãe?
Pois se eu paro pra avaliar friamente,
são apenas questões afetivas que me levam de volta.
Talvez, voltar para o RS,
seja enterrar o meu crescimento
pessoal e profissional.
Estou cheia de dúvidas,
e minha intuição não me oferece nenhuma luz.

sexta-feira, setembro 04, 2009

A segunda vinda

Hoje, no trabalho, uma colega me disse que eu devia frequentar uma igreja.
Do ponto de vista dela, eu preciso frequentar uma igreja, para o caso de Jesus Cristo voltar.
Eu não discuti.
Não é do meu feitio discutir religião.
Ainda mais por que é no que ela acredita.
Mas achei interessante registrar.

terça-feira, setembro 01, 2009

Rubem Alves

Tenho paixão pelas palavras que este homem escreve.
Acredito que existe uma identificação, com um homem que teve criação religiosa, estudou teologia, foi pastor, casou, foi educador e hoje se diz um psicanalista heterodoxo.
Li um texto dele, hoje, na Folha de São Paulo.
Acho que ele trouxe a baila um sentimento que me perturba frequentemente, então compartilho com todos suas palavras.

ESTOU TRISTE
Rubem Alves Folha de SP 01/09/09

Chegou-me, via internet, este artigo que publiquei faz muitos anos, a propósito do momento político que o país vivia. Eu havia me esquecido dele. Espantei-me.
Eu poderia tê-lo escrito hoje. As máscaras, os nomes, os eventos são outros. Mas o “script” é o mesmo. Será que o escrevi num momento de lucidez profética?

“Perdi as esperanças. Escrever, que sempre me foi um motivo de alegria, agora é coisa que faço me arrastando. Penso que o melhor seria parar de escrever. Vinicius se referia à sua ‘inutil poesia’. Poesia é inútil. Os poetas são fracos. As fórmulas dos demagogos são mais palatáveis. Escrevo inutilmente.
Minhas tristezas são duas. Hoje escreverei sobre a primeira: minha desilusão com o PT.
O nascimento do PT anunciou a possibilidade da esperança: fazer política de um outro jeito, combinando ética, inteligência e a opção preferencial pelos pobres.
O PT fazia lembrar os profetas do Antigo Testamento que denunciavam os ricos que exploravam os trabalhadores sem jamais fazer alianças espúrias. Aí o rosto do profeta começou a apresentar rachaduras...
Era a ocasião do plebiscito para decidir
entre presidencialismo, parlamentarismo e monarquia. O Lula e o Genoino eram a favor do parlamentarismo.
As bases do PT foram consultadas. E elas votaram pelo presidencialismo. O Genoino engoliu o sapo e se calou. Fez silêncio obsequioso, como diz o cardeal Ratzinger. Mas o Lula não demonstrou desgosto. Engoliu o sapo que as bases lhe impuseram como se fosse uma rã frita com arroz e se tornou loquaz na defesa do presidencialismo...
Fiquei estupefado, curioso sobre os processos mentais que operavam na sua cabeça para que se esquecesse com tanta facilidade das convicções de véspera.
Como psicanalista, eu ignorava qualquer caso de amnésia parecido. Intrigou-me clinicamente a forma como funcionava a cabeça do profeta, tendo-se em conta que não há caso na literatura religiosa de profeta que amoldasse suas convicções em obediência às bases...
E então me perguntei: ‘O que é mais terrível? Ser silenciado pela violência de um ditador inimigo ou ser silenciado por ordem dos companheiros?’ Ah! Também os companheiros podem ser repressores...
A unidade do partido exige que todos brinquem de ‘boca de forno’: todos têm de pensar igual. O diferente é expelido. Como na igreja.
Compreendi que eu nunca poderia me filiar ao PT porque, se há uma coisa que prezo, é a liberdade para dizer o que penso, ainda que eu seja o único a dizê-la.
O tempo passou. Veio o escândalo do ‘caixa dois’ do PT.
O profeta, que disse ignorar tudo deveria ter falado palavras de fogo contra os corruptos. Ao contrário, num fórum, na França, não só admitiu o fato como também o justificou: isso é normal no Brasil...
Agora, o inimaginável: uma fotografia do pres
idente Lula cumprimentando sorridente o possível ‘companheiro’ Orestes Quércia. Anunciava-se ali o início de um possível n noivado... Para aumentar o meu espanto hoje, quando escrevo, vi uma foto do presidente Lula alegre e sorridente apertando a mão do ‘companheiro’ Newton Cardoso, famoso ex-governador de Minas.
O profeta brinda com os falsos profetas... De fato, só ser um caso de amnésia...
Os meus queridos amigos petistas que me perdoem. Meu estômago tem limites. Há um ditado que diz: ‘Pássaros com penas iguais voam juntos...’ Concluo logicamente: “Se estão voando juntos, é porque suas penas são iguais’.
Vocês não tem saudades do PT. Eu tenho.”

Quem sou eu

Minha foto
Garibaldi, RS, Brazil
Sem palavras pra descrever