quinta-feira, dezembro 15, 2011

“Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso.” - Caio Fernando Abreu.
O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que tem saudade... sei lá de quê!" - Florbela Espanca

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Raramente, faço chimarrão quando estou sozinha.
Em minha opinião, o chimarrão é algo coletivo
e não é tão divertido tomar sozinha.
Porém, hoje, me peguei com vontade de fazer e tomar.
É domingo, e se o Ed estivesse em casa, ele teria feito.
Fiz por causa disso.
Pois se ele estivesse aqui, iria tomar comigo.
Estou assistindo Transformers por causa dele.
Por algum motivo, ver este filme me aproxima da energia dele.


Desde ontem, tenho pensado muito.
Sem desespero, sem pânico, apenas pensando.
De verdade, parece que estou apenas enxergando.
Sentindo um profundo arrependimento, por perceber,
com clareza, o quanto me prejudiquei em diversos momentos.
Sempre acreditei que tinha feito diversas escolhas
baseada nas minhas razões e nos meus objetivos.
Hoje, eu começo a achar que havia outras razões pra isso.
As razões que eu não enxerguei.
Aquelas que ficam escondidas
várias camadas abaixo da dor
e que a gente faz força pra esquecer,
Mas ficam lá ... pairando sobre a nossa cabeça.
E com elas, nos sabotamos,
destruímos nossa possibilidade de encontrar a cura.
Acredito ter feito isso várias vezes.
Naquele momento, em que eu senti que tinha sido relegada,
pela pessoa que dizia, constantemente, que me amava,
que eu era “o ar que ela respirava” (ela diz isso até hoje),
eu deixei de acreditar em qualquer pessoa.
Não desacredito de amigos
(não sei por qual razão)
mas desacredito do amor romântico.
Basta ouvir promessas,
frases de efeito,
que funcionam maravilhosamente bem nos relacionamentos,
e algo dentro de mim deve começar a se construir (ou destruir).
Existe uma voz dentro de mim que repete:
“é mentira!!!”; “não acredita”, “não confia”,
“não se iluda”;“mantenha distância”; “afaste essa pessoa”.
Leva um tempinho, mas isso se forma,
Algumas vezes o efeito é devastador de outra forma.
Eu me interesso por quem vai me rejeitar.
Dessa forma, eu não corro o risco de me decepcionar.
Não existem promessas,
a culpa foi minha de fazer a escolha errada.
Eu sofro, mas me preservo.
E assim alguém confirma que o erro foi meu:
sou eu que não sou uma pessoa amável,
sou eu que não mereço ser amada.
Como não mereci quando era criança
e continuo não merecendo.
Ser rejeitada no amor,
Expõe minha total incompetência para ser amada.
E eu vivo, de novo, a sensação de que eu sou má, feia,
suja, esquisita, menos do que esperariam de mim.
A sensação de que eu sou um monstro,
como quando eu me olhava no espelho,
logo que o cachorro quase arrancou minha bochecha.
Eu lembro direitinho de quando eu via o meu reflexo
E só enxergava as bandagens ou marcas,
Não via o rosto de uma menina de 3 ou 4 anos,
Com uma bochecha bonita e gostosa de apertar.
Via um monstrinho deformado,
Que ninguém poderia amar.
Eu tinha medo do meu rosto!
Não sei o que eu ouvi
A meu próprio respeito, naquela época,
Mas não deve ter sido bom.


Quando eu encontro alguém,
que diz me amar,
existe uma surpresa,
um descrédito delicado,
mas, acho que a parte saudável em mim,
quer experimentar.
Porém, eu vou ficando insatisfeita.
Algo, dentro de mim, começa a me enlouquecer.
Eu preciso levar essa pessoa até as últimas conseqüências.
Preciso que ela me prove o tal amor tão falado.
E eu faço tudo que eu posso pra testar.
Eu não acredito no tal “amor incondicional”!
E até hoje, sem falha alguma, eu tenho provado,
Cuidadosamente, e de forma devastadora,
Que eu nunca fui, incondicionalmente, amada!
Do mesmo jeito, em que, num momento de escolha,
Eu me senti deixada de lado, pelos meus pais,
Eu provo que ninguém me ama!
Que eu sigo a vida cercada de ilusões,
Da mesma forma que me iludi,
Quando era criança.


Eu nunca cheguei a enxergar isso.
Enxerguei agora, com o Ed,
E vi, por ter conversado: com a Lú,
com a Giovana, a Simone e a Gabi.
Conforme fui falando e ouvindo, fui entendendo.
Não teria visto sozinha.


Eu fui vários passos além do que sempre fui.
Eu aceitei me mover na direção da pessoa.
Eu aceitei renunciar a algo dentro de mim
Que diz, “não saia do teu pedestal”;
“não mostre exatamente o que sente”
“Finja que não tem insegurança dentro de ti”
“faça de conta que outros te importam mais”;
“Não deixe claro quais são os teus sentimentos”
E “vá embora, antes que as coisas se tornem perigosas”.
Porém, essa postura incomum, me custou equilíbrio.
Trouxe a tona, as coisas que eu mais desprezo.
As coisas que eu julgo que enfraquecem uma mulher.
Primeiro: eu tive vontade de ter um filho,
algo que já foi decidido que eu não vou ter,
pois, racionalmente, eu já passei da idade
(sei que várias pessoas discordam de mim, porém
esta é a minha opinião, racionalizada e ponderada há vários anos).
Já tive esse desejo antes.
Mas foi fácil descartar.
Bastou racionalizar, e eu me desfiz do desejo.
Bastou me apegar a um obstáculo, e eu deixei de desejar.
Dessa vez, eu não consegui.
Desejei profundamente ter um filho com ele,
Desejo, profundamente, ter um filho dele.
Mesmo com todos os julgamentos negativos,
E opiniões racionais contrárias,
eu tenho essa vontade dentro de mim.
Várias vezes, eu disse isso, mas logo em seguida,
Me desmenti.
Afirmei uma vontade, desfazendo dela logo em seguida,
Para não correr o risco de me deixar levar.


Outra coisa que me afeta:
Eu me submeto pra ele na cama.
E não é um sacrifício.
É algo que me satisfaz,
me dá um prazer e uma alegria
difíceis de descrever.
Me submeto, por livre e espontânea vontade.
Só que, como bem fui lembrada,
o prazer na cama,
já é algo contraditório pra mim,
Afinal o sexo, me colocou em risco.
Eu tenho acessos de choro terríveis no momento do orgasmo.
Não é sempre, mas tem sido muito freqüente.
Quanto mais prazer eu sentir,
Maior a probabilidade, do meu orgasmo,
me levar a um choro convulsivo.
A dor que eu sinto no meu peito,
me deixa arrasada por algum tempo.
Demoro a me recuperar.
E percebi outra coisa (que deve contar um monte aos meus delírios)
... eu sou tão dele,
que eu só posso estar em risco,
ou colocando outra pessoa em risco.
Minha mãe fazia tudo pelo meu pai,
inclusive fechar os olhos para o desejo pervertido dele por mim.
Ela me protegeu, quando foi necessário.
Porém, ainda assim, ela não renunciou a presença dele,
na vida dela e, consequentemente, na minha vida.
Mesmo que as regras tenham sido tornadas rígidas,
e a confiança dela tivesse se reduzido,
Ainda assim,
fui obrigada a suportar a presença dele
até os meus 18 anos
(quando eu decidi que nunca mais seria obrigada
a olhar para o rosto dele, enquanto eu vivesse.)
Antes disso, fui recriminada por não ter expressado confiança
E não ter contado o que acontecia.
Isso sempre me dá aquela vontade de rir
(aquele riso amargo que vem pelo descrédito):
ela esperar que uma criança,
assustada e envergonhada,
contasse com naturalidade que estava sendo vítima de abuso.
Que percebia - há tempos - que os olhares dirigidos pra ela,
não eram de amor fraternal.
Aos meus olhos, quem é capaz de amar tanto outra pessoa,
a ponto de desconsiderar toda a dor que ele me causava,
Só pode ter a mente e o espírito
afetados e perturbados.
Não pode ser algo bom!
E eu acho que eu comecei a amar tanto o Ed,
que comecei a duvidar da minha capacidade
de ser menos desequilibrada que a minha mãe.
E, então, eu fui lá, e destruí tudo.
Entrei em colapso.
Comecei a testar o “imenso” amor dele,
provoquei os limites dele,
E consegui exatamente o que eu queria:
Provar que o imenso amor dele,
Não resistiria a pressão.
Não me dei conta, que sem compreensão
Dos fatos que levam a tanta pressão,
Ninguém poderia resistir.
Porém, dessa vez, eu já estava tão dentro do furacão,
Que eu me senti despedaçando
quando eu consegui o que queria.
Não me senti vitoriosa.
Não me senti protegida.
Fiquei confusa e magoada demais.
Porém, consegui enxergar em que ponto,
todo o meu sentimento,
virou um lamaçal de dores antigas.
Percebi que o Ed foi apenas a ponta do iceberg.
Ele apenas foi a vara,
Que cutucou a onça que existe dentro de mim,
Cheia de feridas e cicatrizes mal curadas.
Infelizmente, foi pra ele que sobraram as minhas mordidas.
Não sei se ele tem a menor condição de lidar comigo.
Seria necessária muita paciência,
Muita compaixão.
Sei, que EU preciso estar sempre consciente,
Pra não fazer nenhuma bobagem com a minha vida.
Mas gostaria que ele quisesse tentar.


Foi com ele que eu consegui andar
diversos passos além dos meus limites.
Foi com ele que eu consegui acreditar por mais tempo.
Foi por ele que eu me arrisquei além do meu campo de segurança.
Foi pra ele que eu consegui entregar um amor
que eu nem sabia que eu tinha a capacidade de oferecer pra alguém.
Perdi um pouco o controle das coisas,
E quando a sujeira, que estava debaixo do meu tapete,
se espalhou, eu já tinha perdido a noção do que era o amor.
Todos os sentimentos ruins e desprezíveis
que estão guardados dentro da pessoa que eu sou
Vieram à tona.
Mas existiram tantas coisas gostosas no meio disso tudo!
Essa sensação de me entregar,
De acreditar (mesmo que tenha sido por um curto período de tempo),
de me sentir amada, foi tão incomum.
Foi tão bom viver isso!
Ninguém pode fazer idéia do quanto eu precisava viver esta sensação.
E do quanto me dói sentir que o caos que existe dentro de mim,
Tirou a sensação amorosa que eu já tinha vivido.
Eu não adoeci nos últimos meses.
E velhos amigos sabem o quanto isso é importante pra mim.
Pois eu sou a pessoa, que vivia com alguma doença se manifestando,
pela dificuldade em compreender as próprias emoções.
Algumas vezes, eu tive uma dor fibromiálgica
que rapidamente foi superada
(no meio de outras pressões, cidade nova,
emprego novo, problemas de saúde da mãe, desemprego do Ed;
eu considero que uma ou outra crise superáveis, quase não são nada).
Algumas infecções urinárias
(excesso de fricção que espero não precisar explicar),
mas nada que parecesse um sistema nervoso
gritando desesperado que eu o ajudasse e respeitasse.
Se ele me permitisse essa chance, eu gostaria de tentar.
Por que eu não me iludo.
Não é só dentro da minha alma que existe sujeira.
E eu precisarei aprender a encarar a sujeira
que está debaixo do tapete dele.
Mas ele vai precisar estar disposto a me perdoar.
Aceitar que eu me descontrolei e agi em destempero
Por não ter me conscientizado a tempo
Do que passava dentro de mim.
Só ele pode me dizer se nosso primeiro obstáculo,
Vai ser um encerramento,
Ou apenas a mudança do status do relacionamento de
“relacionamento adolescente”
para “relacionamento de adultos”.


Eu gostaria de, enfim, começar a crescer,
E de viver isso ao lado dele.
Eu quero, convidá-lo para participar do meu mundo!
Que não é tão lindo, não é tão claro,
como nos contos de fadas.
Meu mundo é sombrio, diversas vezes,
porém agora está cheio de esperança,
de que a consciência possa me ajudar a seguir em frente.
E que eu possa aprender a confiar e amar!


Em tempo: tudo isso eu escrevi no domingo, dia 04.
Hoje, dia 05, eu não me sinto mais assim.
Existe uma desesperança dentro de mim.
Quase não dormi essa noite, por causa desse sentimento.
Passei do espaço de uma esperança pequena
porém resplandecente
para um espaço de trevas.
A dor no meu peito é um inferno particular.




quinta-feira, dezembro 01, 2011

Relacionamentos negativos

Durante 24 horas, anote tudo o que você se lembre sobre como sabotou o seu relacionamento no passado - tudo em detalhes. Olhe o relacionamento por todos os ângulos e não repita esses padrões. Isso se tornará uma meditação, e se o relacionamento permanecer num novo relacionamento ou não, isso é secundário. Se você conseguiu permanecer consciente enquanto faz isso, terá valido a pena. Você sabe muito bem - todo mundo sabe, pois é impossível não saber o que se faz num relacionamento. Nos momentos de sanidade, você sabe muito bem. Nos momentos de insanidade, você se esquece; isso eu sei. Portanto, antes que surjam esses momentos de insanidade, olhe. Escreva todas as coisas que você sempre fez para sabotar o seu relacionamento e mantenha uma cópia disso com você. Sempre que surgir uma situação em que os antigos padrões possam se repetir, olhe para ela. A pessoa precisa aos poucos ir ficando mais alerta, e depois disso tudo fica maravilhoso. O amor é tremendamente belo, mas pode se transformar num inferno. Por isso, primeiro você aponta todas as coisas e depois não as repete. Você ficará tão feliz, só por ser capaz de não repetir esses padrões, que sentirá uma certa libertação. Essas coisas são obsessivas; elas são como neuroses, um tipo de loucura. E, sempre que duas pessoas estão se amando, elas ficam juntas para serem felizes; ninguém vive junto para ser infeliz. Mas é assim que as pessoas continuam sendo burras. Mais cedo ou mais tarde, elas começam a tornar um ao outro infeliz, e a coisa toda se perde. Todos os sonhos são estilhaçados e mais uma vez se tornam uma ferida. Osho, em "A Essência do Amor: Como Amar com Consciência e se Relacionar Sem Medo"

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Garibaldi, RS, Brazil
Sem palavras pra descrever