segunda-feira, novembro 21, 2011

Separação

Na minha vida inquieta, muita coisa aconteceu nos últimos meses.
E o blog se tornou a coisa menos importante.
Porém, foi no blog que eu já encontrei conforto e compreensão sobre diversas experiências positivas ou negativas.
E neste momento, existe um fato que me marca e que eu preciso administrar de alguma forma.

Bom, eu saí de SP em agosto.
Pedi demissão no SESI, pois fui chamada para trabalhar em uma pequena faculdade no interior do RS. Foi um momento de felicidade sem explicação.
Pra uma pessoa que mantinha um relacionamento à distância, a oportunidade de, pelo menos, morar no mesmo estado que o parceiro parecia um presente.

O garoto telepata, já estava em Porto Alegre, e nós pudemos conviver a partir da minha chegada.
Namorar de verdade, mesmo que não morando na mesma casa, mas convivendo mais. Admito que nunca me senti tão feliz com uma pessoa.
Ainda não tinha disposição para a idéia de morarmos juntos, mas estava apreciando essa oportunidade como, talvez, nunca tinha aproveitado antes.
A gente se divertia juntos.
E eu aprendi que podia rir enquanto me relacionava.

Eu tinha feito um acerto para começar a trabalhar no interior em setembro, e ele, de forma extremamente otimista, já tinha certeza que logo também conseguiria um emprego na mesma cidade ou na região.
Nesse meio de tempo, minha mãe se acidentou, e eu tive a minha primeira crise com ele.

Naquele dia, no acidente da minha mãe, eu precisava de colo.
Tinha ficado assustada!
Achei que a minha mãe poderia ficar paraplégica, pois a única coisa que os médicos me respondiam é que ela tinha uma fratura numa vértebra da coluna.
Ouvir isso, para uma pessoa leiga, como eu, exerce um impacto aterrorizante.
Quando os médicos decidiram pela hospitalização da minha mãe, depois de termos ficado 8h aguardando no hospital, tudo que eu queria era um abraço do homem pra quem eu entreguei o meu coração.
Tudo que eu precisava era que ele me olhasse com aquela expressão de amor, e me desse um grande abraço e não precisava fazer mais nada.
Até por que não havia nada que ele pudesse fazer, além de me dar afeto.
Só que, infelizmente, a mãe dele não tinha sensibilidade para compreender isso (e ele estava morando com a mãe naquele momento), e ela não queria que eu ficasse lá.
Ele me falou (e muitas pessoas me disseram que ele não devia ter me dito, e eu acredito que ele fez o correto, pois seria terrível que eu ficasse por lá, com alguém me olhando de cara amarrada, num momento de vulnerabilidade minha) e eu me recusei a passar por essa situação ridícula.
Depois a mãe dele mudou de idéia, mas a bobagem já havia sido feita, e a minha atenção em relação a ela, acabou ali.
Eu estava pisando de leve e conhecendo o terreno (conhecendo a mãe dele),
a partir desse dia, decidi que nunca mais chegaria perto do terreno.
Procurei abrigo na casa do Lu e do Fábio, onde fui recebida e cuidada com todo o amor que eu precisava.
No dia seguinte, meu amor ligou pra me perguntar se eu queria dar uma volta com ele no Harmonia.
Confesso que fiquei estupefata!!!!
Eu não sabia se a minha mãe não ficaria paralítica e ele queria que eu fosse dar um passeio como se nada me preocupasse???!!!!
Mas eu não falei isso.
Apenas disse que não iria. O erro começou aí.
Durante a semana, longe dele, essa coisa engasgada começou a me incomodar.
Acabei decidindo que não valia a pena seguir com ele.
Decisão unilateral, mas a sensação de que sempre que eu passasse por uma emergência, por uma situação de estresse, que ele me deixaria sozinha, enquanto ele ficaria cuidando da família dele (da qual eu não faço parte) me deixou desconsolada.
Ele disse que eu estava decidindo as coisas em cima de uma situação em que ele se atrapalhou, mas que ficaria mais atento, e que eu não estava só.
Mas essa sensação ficou ali, guardada dentro de mim.
Depois ele foi pra Garibaldi, me ajudar a arrumar meu ap e procurar emprego.
Vivemos juntos por um mês e meio, mais ou menos. E eu curti demais.
Por mais receio que tivesse (afinal minha única experiência de casamento, foi um desastre) eu consegui perceber que estar com ele me fazia bem.
Mas, como diz a Lu, o Ed que chegou em 100% aqui pra ficar comigo, foi ficando partido e deixando partes dele irem pra Porto Alegre, conforme a dificuldade de conseguir emprego foi aparecendo.
Mas ele não compartilhou isso comigo.
Em alguns aspectos eu acredito que percebi isso e errei por não forçá-lo a falar comigo, e sabia que cedo ou tarde teria de voltar pra Porto Alegre, aonde ele teria oportunidades que aqui não surgiam, mas eu esperava que ele compartilhasse tudo comigo.
Ele compartilhou, dois dias antes de colocar os planos em prática.
Planos que estavam dentro da cabeça dele há dias, mas ele não me contou.
Eu soube, em parte, quando ele contou pra mãe, por telefone, e eu ouvi acidentalmente. Ali, eu fiquei muito magoada.
Mas eu não falei. Engoli.
Ou até falei, mas sem o peso do tamanho da mágoa que se criou em mim.
E quando ele ficou longe de mim, a lembrança dessa sensação de abandono só aumentou. Essa sensação de que partes dele já estavam em Porto Alegre, ficou maior.
E a sensação de que estar em Porto Alegre, deixava ele mais feliz do que estar comigo, foi aumentando.
Ele ficou 100% lá.
E eu fiquei em 50% aqui.
E isso me decepcionou.
Por que uma parte do meu coração foi com ele, e ele não me parecia sentir minha falta.
Pode ser viagem, pode não ser.
Agora eu considero qualquer possibilidade.
Mas o que eu sinto, é que ele ficou melhor sem a minha presença e eu fiquei sentindo saudades de um “sonho” que não tinha nada de real na minha vida.
(Eu e os meus problemas de auto-estima).
Essa sensação me transformou numa megera.
Não tinha nada de bom pra falar.
Só cobrança, dor e raiva.
E por mais, que tenha tentado explicar, e por mais que ele finja que tenta entender, nada mudou dentro de mim ou dentro dele.
E no último sábado eu vi, que ele vai me deixar cada vez mais de lado, e que eu ficarei cada dia mais reativa.
Por mensagem de celular eu encerrei essa fase.
Horrível, não???
Mas é o único jeito que eu consigo me afastar dele.
Não comentei que quando ele está perto, parece que exerce um poder, uma fascínio, que me faz sempre concordar com tudo que me diz.
Eu não consigo ficar furiosa com ele, pessoalmente.
A presença dele de certa maneira me inebria e eu me deixo conduzir.
Por telefone, a energia dele não se sobrepõe, e eu vejo o tamanho da minha mágoa.
E da minha raiva.
Ele concordou com o final.
Disse que eu devo fazer o que achar melhor.
Faz idéia do tamanho da dor que ler isso me causou?
Mas eu admito, que ele tem bons motivos pra concordar.
Se eu estou ficando reativa, agressiva e furiosa, como podemos nos relacionar???
E eu aceitei isso também.
Não é só a distância física que nos afasta.
É a distância emocional.
Quando estávamos separados por 1500 km de distância, éramos mais próximos, nos mostrávamos, pois era o nosso acordo.
Agora que a distância deve ser menor que 100 km, não nos expomos.
E ele está ocupado com todas as pessoas que importam pra ele, em Porto Alegre.
E acreditava que eu poderia engolir o fato de que eu vou ficar no fim da fila.
Só que eu não aceito.
Aceito ficar na fila, depois das meninas (as duas filhas dele).
Um lado meu (da filha abandonada pelo pai) acha isso, completamente justo.
Mas não admito perder espaço para todo o restante do universo dele.
Várias vezes, quando ainda morava em São Paulo, eu disse isso.
Que eu era muito temperamental e receava que ele não me suportasse.
Em resposta sempre ouvi, que ele percebia tudo isso, mas que eu não precisava me preocupar, nada disso seria um problema.
Mas foi, e é.
E agora estamos separados.
E a minha linda história de amor, com o garoto telepata, acabou.
Eu cheguei à conclusão que só conseguiria destruir as boas lembranças da nossa história com toda a minha raiva.
Então, era melhor desistir.
A realidade é que eu só consigo me sentir segura, quando estamos frente a frente, devido ao domínio (sexual) que ele exerce sobre mim.
Fico hipnotizada, inebriada com a energia que existe entre nós e aceito tudo.
Porém, nós não ficaremos próximos assim.
Eu vou morar aqui, em Garibaldi.
Ele vai ficar em Porto Alegre.
E a distância emocional, vai só aumentar, e a minha mágoa vai só crescer e a minha reatividade vai se tornar cada dia mais descontrolada.
Ele perdeu a paciência comigo.
Não se importa mais.
Não valoriza minhas emoções.
E isso só me faz ficar com mais raiva.
E desde então, eu choro.
Mudei meu status de relacionamento no facebook, escrevi no twitter, conversei com amigos, e eu choro cada vez que falo com alguém.
A dor de não poder conservar a ilusão de felicidade que eu tive, está sendo intensa.
Como tudo que eu vivi com o Ed.
Nunca fui de dividir com muita gente minhas decepções amorosas.
Mas pra eu poder superar essa história, preciso falar, escrever, chorar, espernear.
Na hora em que eu vou dormir, eu choro compulsivamente, pois é a hora em que a falta dele na cama comigo, se torna insuportável, assim como de manhã, quando lembro que ele não fará mais parte da minha vida.
Quando alguém me pergunta dele, eu me sinto dolorida, e choro de novo.
Não consigo falar nada pra ninguém, sem desmanchar em prantos.
Mas enquanto estou trabalhando, toda a dor se acalma.
Eu consigo pensar só no trabalho e esquecer de toda a dor.
Muitas amigas me lembram que tudo vai passar.
E eu sei que é verdade!
Já passei por tanta coisa, e eu sei que sou forte pra me reerguer de tudo.
Mas agora, eu estou afundada em autocomiseração, dor, decepção e tristeza.
Não esperem que em uma semana, eu supere tudo isso.
Eu aceito que eu tenho que viver essa dor e o que vier mais.
Pois eu também sei, que logo, logo serei substituída, pois eu sou lenta, demoro a colocar alguém no meu coração de novo, mas para a maioria das pessoas, basta olhar para o lado e aceitar qualquer pessoa na sua vida, e tudo está resolvido.
Quando eu tiver que enxergar isso, vou ficar em pedacinhos de novo.
Então, me permitam ficar em caquinhos, sem me julgarem ou condenarem como uma pessoa fraca.
Eu estou vulnerável, delicada e decepcionada! E preciso sentir isso!
Faz parte do momento. Vai passar, mas por agora, me deixem chorar muito!
Não pensem que eu jamais vou sair desse espaço.
Eu sei que vou sair.
Mas não sei quando.
E não vou maquiar a superação desse momento.
Ele só vai aparecer superado, quando estiver superado de verdade.
Mas uma história que me causou emoções intensas e desconhecidas desde o princípio, merece que a minha despedida dela, seja intensa, dolorida, cheia de saudade, pra que todos saibam que eu fui inteira e intensa com ele, como jamais fui com ninguém.
E isso merece ser vivido, até a última lágrima, se assim for necessário.

Eu ainda acredito numa coisa que um dia eu postei no facebook: que eu preciso me apaixonar por alguém “que me compreenda mesmo na loucura, ... apaixone-se por alguém que volte pra conversar com você depois de uma briga, depois do desencontro. Apaixone-se por alguém que sente sua falta e que queira estar com você.”
Mesmo no meio das minhas lágrimas, eu ainda sou a mesma pessoa, só que precisando da paciência de vocês com este momento conturbado pra mim.

Talvez, eu demore a conversar com vocês, sem chorar, mas não me interpretem mal.
Eu vou me recuperar, em algum momento.

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