domingo, julho 27, 2008

Thiago

Ah, preciso falar da minha história com o Thiago que nem tinha nascido, e que morreu.
Ontem eu me peguei pensando várias vezes o que eu estava fazendo do lado dele.
Qual o motivo que estava me levando a prolongar “o ficar” com o Thiago além do que normalmente eu ficaria com qualquer outra pessoa. Me dei conta que estou carente. Com um enorme buraco de carência que me fez convencer a mim mesma, que estava bom. Mas não estava.
O Thiago é um homem que me atrai.
Algo no jeito que ele me pega, me abraça, me puxa, e olha ... é perturbador e delicioso.
Mas, tirando estes momentos, ele parece estar do outro lado do mundo, quem sabe no Japão? Nós não conversamos, quase nem mesmo nos tocamos.
E eu continuei ficando com ele.
A cada final de semana, continuei ficando com ele, mesmo sentindo que é próximo como um porco espinho e que isso estava me deixando desestimulada em estar ali.
Mas eu continuei.
Só que neste final de semana, isso foi me enlouquecendo.
Como estar com alguém que não deixa que eu chegue perto dele nunca a não ser na hora do sexo? Eu já fiz isso outras vezes e não gostei. E por qual motivo eu estava ali, deixando a história seguir se eu estava me sentindo tão só ao lado dele?
Ele não confia, não se abre, e eu estava me sentindo acompanhando ninguém.
Como se, novamente, eu estivesse delirando, e eu não estive me relacionando.
Estava me iludindo.
Então, eu tive um chilique.
E eu disse isso a ele.
Disse que precisava de um espaço, uma oportunidade, um mero vislumbre de que ele me permite me aproximar. Que não sou perdidamente apaixonada, mas que se estamos mantendo essa história eu precisava de mais espaço, mais proximidade até para confiar nele. E ele me disse que não consegue. Que já ouviu isso outras vezes, e que não tem como dar mais que isso. Então, acabamos o que nem tinha começado. E eu estava triste por outras histórias e senti-lo distante, vazio como uma caixa sem componentes internos, só estava me deixando pior.
Eu precisava que ele, pelo menos fosse meu amigo.
Tivesse coração aberto, braços abertos e eu não vislumbrava ter isso ao lado dele.
Disse que eu tinha vergonha de estar vulnerável e tinha vergonha de deixá-lo ver-me assim. Mas eu pedi uma chance. E ele disse que nem pode tentar, que não tem confiança dentro dele. Falei prá ele do quanto ele é contraditório e quanto isso me manteve mais tempo perto do que seria o normal. Do quanto o abraço dele é próximo e amoroso quando ele está dormindo.
O quanto é bom dormir ao lado dele e senti-lo buscar contato, e o quanto é solitário estar ao lado dele quando ele está acordado, alerta, desconfiado. E ele só pode dizer que é assim, que não tem como ir além.
Eu pensei que ouvi-lo dizer isso ia me deixar com raiva ou algo similar.
Mas não fiquei assim.
Já estou acostumada a ouvir os homens dizerem que não podem ir além, que eles são assim e pronto, não conseguem se aproximar e nem querem.
Nem forças prá ter raiva eu tive.
Mas, acabei chorando pelos meus outros problemas que se acumulam e eu também não estou resolvendo. E chorei de vergonha por estar tão carente que eu precisei dele por este mês e estava me sujeitando a algo que me preenchia com migalhas, mas preenchia.
E nesse momento, em que pela primeira vez, me expus a ele, e ele ficou próximo.
Perdido, mas tentando me confortar.
Entre a frieza que tanto o caracteriza e uma preocupação doce.
Eu chorei muito no colo dele.
Consegui soltar e relaxar mesmo sabendo que ele não conseguiria fazer nem uma parte disso na minha frente. Eu precisava desesperadamente de um amigo que tivesse braços abertos prá mim, e ele teve. Ficou comigo por um tempo, e acho que eu até o senti mais presente pela primeira vez durante este tempo. Pela primeira vez, amoroso e acordado. Amoroso como meu amigo, mas amoroso.
Gostaria de convencê-lo do tempo que ele está perdendo por não se soltar.
Mas ninguém conseguiu me convencer disso antes que eu procurasse por esta estrada, então, não adianta falar nada. Me resta torcer.
Ontem, pela primeira vez, eu o amei muito mesmo sabendo que ele não acreditaria em mim.
Pelo colo, pelo abraço e pelo esforço.
Nem consegui dizer isso a ele.
Mas vou falar.
Ou tentar.
Na verdade, acho que o amo por entender o quanto é difícil estar aonde ele está.
Atrás da muralha da desconfiança, aonde ninguém conseguirá chegar, enquanto ele não permitir. E acho que ele não acha isso ruim.
Ele fala como se fosse algo inevitável, contra o qual ele nada pode fazer, algo fatal, sem solução, uma barreira intransponível.
Será que em algum dia ele saberá que é apenas uma questão de escolha?

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