sábado, abril 04, 2009

Reza a Lenda ...

Reza a lenda ... em família, que eu nasci com um “gene” de bibliotecária.
Diz minha mãe que sempre se fazia uma brincadeira com as crianças da nossa família, para compreender quais as coisas que futuramente interessariam a criança, realmente.
Então, colocava-se a criança no chão, cercada de diversos objetos e ficavam observando qual, dos diversos objetos, realmente atrairia a criança por mais tempo. Minha mãe contava que a minha avó fez este teste com os 4 filhos, e, no ponto de vista dela, esse interesse inicial se concretizou na vida adulta dos filhos dela.
Bom ... minha mãe fez o mesmo “teste” comigo.
Eu amei uma revistinha em quadrinhos, depois de ter mexido em todos os outros objetos.
Então, quando eu me tornei Bibliotecária, minha mãe me contou essa história.
Para ela, o meu interesse inicial estava se materializando de alguma forma.
Bem que eu poderia ter me tornada design gráfica ou desenhista de história em quadrinhos
(que eu adoro por sinal) mas eu virei bibliotecária.
Mas eu não sou bibliófila.
Sou apenas bibliotecária.
E gosto muito do que faço.
Pena, é que nem sempre gosto dos outros bibliotecários.
Às vezes, eu tenho vergonha de ser bibliotecária.
Talvez, em todas as profissões as pessoas tenham estas fases de questionamentos.
Eu tenho frequentemente.
Prá ser honesta, desde a faculdade.
E quando eu comecei a trabalhar, isso tornou-se quase crítico.
Não pense que não admiro bibliotecários.
Muito pelo contrário.
Admiro vários, e posso citá-los: Flávio Nunes, de uma cultura geral (e de abobrinhas também) e conhecimento de catalogação absolutamente impressionantes; o Vladimir Luciano, classificador de CDU fantástico, também com uma cultura acima da média (mais tímido e reservado que o Flávio, se é que isso é possível), o Roberto Moura, conhecedor de Aleph (sistema de gerenciamento de bibliotecas) sem competidores.
A Lourdes Ulian, minha chefe enquanto eu estava na biblioteca da OAB, ser humano incrível e profissional dedicadíssima. E acima de todas: Tânia, Miriam e a Graça, minhas primeiras chefes bibliotecárias, e que me deram os maiores exemplos de dedicação ao trabalho, às necessidades dos usuários, e – sempre - com o maior respeito pelos seres humanos que trabalhavam com elas. E de uma firmeza e gentileza ao mesmo tempo, que eu sempre admirei.
Estas três influenciaram, e muito, a minha postura como profissional.
Nem imagino se elas fazem noção disso, mas é a realidade.
Assim como a Lourdes que tem o maior amor pelo que faz, sem deixar de ser uma pessoa com vida particular completamente a parte da biblioteconomia ( o que eu acho imprescindível em qualquer profissão).
Nesse quesito eu tive muita sorte.
Mas ao atuar ... confesso que meus questionamentos da época de estudante apenas aumentam. O que faz uma pessoa ser bibliotecária, quando um grande número de bibliotecários - que eu acabei por conhecer - apenas confirmam estereótipos das eras medievais.
Pessoas que não lidam com pessoas, que gostam de papéis e objetos, apegados ao lugar da caneta em cima da mesa, chamando a mesa e os equipamentos de seu local de trabalho, de “minha mesa”. Pessoas que se apegam a mesquinharias, e deixam o trabalho de lado para se comportar como lavadeiras de beira de rio, se ocupando mais da vida alheia do que de suas responsabilidades. Pessoas chorosas e muitas vezes mal educadas.

E não me venha falar que isso se deve a ser uma profissão de solteironas (outro estereótipo). Gente mal amada também consegue casar. E odeia a vida que leva, mas descarrega esse ressentimento ao seu redor, principalmente entre os auxiliares.
Esquecem que, por de estarem dentro de uma biblioteca, estão atuando na área de gestão de pessoas. Na verdade, nem se interessam em aprender a gerir pessoas.
Usam a biblioteca e sua equipe para uma sessão de descarregar neuras, enquanto deveriam freqüentar um psiquiatra. E não melhoram, e morrem de inveja de quem melhora.
Eu gosto de pesquisar, atender, falar com usuários, aprender coisas novas com meus usuários. Claro que me canso, me sinto exigida, mas eu gosto.
Mas em várias oportunidades, eu fico pensando ... que eu precisava estar em outro ambiente.
Me apego em acreditar que todas as profissões tem suas ovelhas negras, mas ... e quando a gente só enxerga ovelhas negras, faz o que?

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