terça-feira, janeiro 03, 2012


Minha crise afetiva começou um mês antes do natal e do ano novo.

Pode-se fazer idéia do quanto todo esse processo, naturalmente doloroso, ficou mais doloroso ainda em função de todas as emoções evocadas pelas festas de final de ano.
Hoje, vou tentar relatar, de forma bem sucinta, quais foram as minhas emoções nestes dias, e também os fatos.

Hoje é dia primeiro de janeiro, e eu quero começar o ano com o pé direito no quesito “meu blog”.

No dia 17 de dezembro conversei com o Edegar, e tive de ouvir dele que eu fui enterrada.

Que ele já havia experimentado raiva e dor, e que não vivenciaria mais isso, e que decidiu que ia preservar alguma emoção positiva em virtude de nossa “velha amizade de tantos anos”.

Ele também disse não ter mais nada pra me dar, usou exatamente a expressão de que “enterrou” todos os sentimentos que teve por mim. Aquilo foi a coisa mais dolorosa que eu já ouvi de um homem.

Nem o ressentimento do Jerry comigo foi tão doloroso. Mas o pior ainda estava por vir.

Na segunda-feira, dia 19, acabei por descobrir que o homem que, há um mês atrás, dizia que me amava e desejava viver o resto da vida ao meu lado, já tinha uma nova namorada: o bichinho da goiaba (Joelma do Calipso antes das cirurgias plásticas).

Dizia o Flávio Vieira, que pior que arrumar uma nova namorada, era arrumar uma nova namorada feia. Bom, comigo o efeito foi ao contrário, de certa forma, eu me senti fortalecida na minha autoestima, que nunca é grande coisa.

Aos meus olhos, pareceu que a autoestima dele é menor do que a minha, e que ele pegou o primeiro tribufu sem caráter e sem valor que achou no meio do caminho.
Claro que apesar de ter essa sensação que me trouxe um certo poder, também quis mata-lo (arrancar os dentes com alicate de cutícula como eu disse para algumas amigas).
Tive muita raiva e muita dor, mas ao mesmo tempo, consegui enxergar que não importa o que ele faça, o discurso do “enterro” só serve para que ele engane a si mesmo.

Ele pode dizer que me enterrou o quanto quiser.
Só conseguiu comprovar pra mim, o quanto é um homem fraco que nem mesmo pode suportar encarar a tristeza sozinho; precisa se agarrar em um rabo de saia pra dar suporte pra ele.
No dia 21 nos encontramos de novo para que eu devolvesse as poucas coisas dele que ainda estavam lá em casa. Como eu já sabia do bichinho da goiaba e estava com a história de ter sido enterrada entalada na garganta, falei mais alguns desaforos. Única e exclusivamente pra tirar aquele sapo do meio da minha garganta, pois ele não expressa nenhuma emoção.
Disse que eu posso tirar a conclusão que eu quiser, que ele não tinha se decidido se estava namorando alguém ou não, e que estava cansado demais pra me dar qualquer coisa.
Ah, também me falou que a única pessoa que pode criticá-lo é a ex-mulher pois ela é a mãe das filhas dele.
Ou seja, eu não podia ter reclamado de nada em nosso relacionamento, pois não fazia parte dos meus direitos.
Eu tinha que apoiá-lo incondicionalmente, pra ser aceita.
Ou seja, a minha dúvida que surgiu desde o acidente da minha mãe, era totalmente pertinente.

Foi um encontro doloroso pra mim.
Descobrir que o homem que eu achei que me relacionava jamais existiu, e que só existe esse homem sem caráter, sem afeto e sem respeito por mim no meu caminho,
me rendeu muita decepção.
E decepção dói demais!

Mas eu atingi um nível de estabilidade depois de tanta decepção.
Aquelas crises de choro, sentindo dor insuportável nas minhas costas e no meu peito, foi suavizando. Ainda tenho momentos de lágrimas, mas não são tão dramáticos, apenas são inevitáveis.

Desde que vim pra Porto Alegre, reencontrei a Michele/Abhati, o Maytréia/Rafael, a Kamin/Magali, a Silvia, o Rogério.
Eles todos me ajudaram a não ficar sentindo pena de mim, apesar de terem que suportar a minha decepção e meus relatos. Mas me ajudaram a me sentir amada.
Que é tudo de que preciso nesse momento.
E me deram a oportunidade de saber como eles estão, e sentir o quanto eu ainda os amo, apesar de toda distância que já vivemos durante os 6 anos que estive fora do RS.
É doloroso olhar pra toda essa história.

Por que aos meus olhos, eu me meti numa farsa.
Num teatro, encenado pelo Edegar, e que eu contribuí na encenação, ao acreditar nos sentimentos que ele disse ter por mim.
Pois se ele me amasse e quisesse construir, aquilo que ele dizia desejar, as escolhas dele seriam outras.

Eu sei que eu fui inteira, amorosa, batalhadora, disponível pra dar pra ele tudo que fosse necessário pra que a nossa história tivesse prosseguimento.

Mas eu queria ser amada também e agora descobri que em momento algum, eu fui amada no mesmo nível.

Eu chorei junto, briguei por ele, defendi sempre que pude, arrisquei a viver numa situação que eu achava impossível (viver junto com uma pessoa na mesma casa, dividir a vida).

Aos meus olhos eu não fui perfeita, o que eu jamais conseguirei ser neste estágio em que estou na terra. Mas ... isso não estava sendo considerado.

Como diz o Jorge Vercilo, na música Devaneio: “Foi um devaneio meu / Um veraneio seu / E um outono inteiro em minhas mãos."



Devaneio, de Jorge Vercilo


"Mergulhei no mar / E não dava pé / Me apaixonei/ Mas não sei por quem /Sonho com alguém / Que você não é!

Eu me entreguei demais/ Eu imaginei demais / E o silêncio fala mais que a traição/ Foi um devaneio meu / Um veraneio seu / E um outono inteiro / Em minhas mãos.

Vi um sol nascer / Pelos olhos seus / Me deixei levar / Eu não refleti / Que era a luz dos meus / Refletida em ti.

Eu me entreguei demais / Eu imaginei demais / E o silêncio fala mais que a traição

Foi um devaneio meu / Um veraneio seu / E um outono inteiro em minhas mãos."

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