terça-feira, julho 14, 2009

Crepúsculo

Ontem, assisti - com vários meses de atraso -
o filme "Crepúsculo", com Robert Pattinson
( o Cedric do Harry Potter e o cálice de fogo).
Ainda não li o livro, mas tinha curiosidade pelo filme.
Imagino que falte ao filme um tanto mais de tensão, mas ...
entendi em parte o motivo do sucesso do livro.
E, principalmente, reconheci o dedinho da autora mórmon e suas experiencias de adolescente.
Eu vivi aquilo com meus namorados.
Na verdade, mais do que todos, vivi aquilo com o Gão.
Aquela tensão, aquela vontade e ao mesmo tempo um certo ódio
por não saber lidar com a tensão sexual e ter aprendido que deveria se reprimir
(que no caso do personagem Edward Cullen é a mais pura verdade,
e no nosso e de vários outros, não era).
Talvez para as pessoas que se permitam viver o que sentem, isso seja até supreendente,
mas para aqueles que como eu, foram treinados sob a aura do pecado,
aquela sensação deve ser familiar.
Existe um sentimento latente, gostoso e intenso dentro do seu corpo,
mas existem todos os ensinamentos, todos os castigos e todas as cobranças.
Como o Fernando sempre repetia "meu pecado está sempre diante de minha face".

Vários leões se apaixonam por cordeiros
(apesar de haver dentro de mim um questionamento sobre a ordem dos papéis),
mas eles são ensinados que enquanto conseguirem se controlar
estarão oferecendo amor verdadeiro aos seus cordeiros.
A autora, Stephenie Meyer, criou uma fábula mórmon.
Como os líderes enxergam o relacionamento amoroso.
E nesta fábula os homens são vampiros,
sedentos do nosso sangue - o sangue da virgindade.

No filme está ali, latente em cada cena, em cada fala,
e nas aproximações físicas dos protagonistas.
É ao mesmo tempo romântico, claro.
Pois eles são amigos, confiam um no outro, conversam por horas.
Mas não se permitir consumar algo que está te consumindo, cria consequencias.
Em mim, eram épocas em que eu odiava o Fernando absurdamente.
Odiava não conseguir ser apaixonada por ele,
sem ter aquelas sensações físicas que tanto me perturbavam.
Eu amaldiçoava meus hormônios.
Eu rejeitava minhas sensações.
E o que eu fazia para resolver isso????
Terminávamos.
Simples assim.

Tive uma sensação de dejavú durante todo o filme por isso.

E já se passaram 20 anos,
e eu tinha claro na minha lembrança
aquela sensação.

Não estou dizendo que foi totalmente ruim.
Nós dois conversávamos sobre tudo, ríamos juntos.
Ele se tornou parte da minha vida e da minha rotina.
E, daquela forma confusa, eu o amava, mas ... o odiava.
E não era uma questão de haver culpa.
Éramos normais e saudáveis.
Mas, éramos orientados que tudo que sentiamos era pecado.
Outras vezes vivi essa mesma sensação,
com outros namorados (tive vários, pois eu não queria casar cedo),
mas acho que por não ser a primeira vez
que as sensações tomavam essas proporções, não se tornaram tão marcantes.

Não estou afirmando que ao sentir tesão por alguém
devemos pular como predadores sobre essa pessoa.
Mas essa negação absurda de si mesmo,
como se a relação entre um homem e uma mulher
fosse a relação de um leão e um cordeiro
só prejudica as relações em geral.
Mulheres colocam-se como vítimas,
homens como violadores,
quando na verdade nós muitas vezes desejamos aquela experiência
tanto quanto os homens (ou até mais).
No caso da Bella, ela deseja, com certeza.

Eu achei doce e romântica toda a história,
só não consegui não enxergar pela janela de ex-mórmon.
E pelo tanto que eu sofri com tudo aquilo.

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Garibaldi, RS, Brazil
Sem palavras pra descrever