quinta-feira, janeiro 04, 2007

Crescendo

Levei 36 anos prá poder entender algumas coisas minhas.
E consegui entender com a ajuda do "Holandês".
Achei original...

Quando nos conhecemos, eu joguei tarô prá saber o que ele representava na minha vida. O tarô disse que ele ia me ensinar sobre o quanto eu sou madura, ética e "do bem"! Achei a resposta, no mínimo, sem cabimento.

Em parte, por que eu tenho uma auto-estima oscilante, e que oscila prá baixo com muita facilidade, em outra parte ... por que eu não conseguia visualizar nada além no fato de ter sido apresentada prá ele.
Naquele momento, nós ainda tínhamos dificuldade em lidar um com o outro.
Ele está sempre tenso, agitado, tentando agradar a todos.
E isso me deixava tensa, mesmo que sentindo uma certa simpatia pela pessoa.
Não parecia haver muita possibilidade dele me clarear em alguma coisa.

Mas fui deixando acontecer e a conversa foi fluindo.
Os pontos em comum foram aparecendo.
E foi surgindo dentro de mim, uma ternura por ele, uma compreensão pelas dificuldades e uma aceitação daquele homem.
E uma confiança.
Talvez a parte mais difícil de entender.
Afinal, eu sou a desconfiada de plantão.
E mesmo minha confiança é desconfiada.
Que não me entendam mal os meus amigos, mas é a minha proteção inicial.
Leva muuuuuuuuuuuito tempo para eu conseguir confiar.

Não foi assim com o Holandês.
Aconteceu muito mais rápido do que eu permitiria no normal.
Me peguei confiando.
E aceitei.
Senti saudades, dividi meus medos, minhas paixões, minhas máscaras.
Foi show, pois aos poucos, ele se tornou uma pessoa com quem eu contava a qualquer tempo, prá baladas, risadas, lágrimas e abraços.
Ouvi coisas dele, dos medos, das viagens, das inseguranças, que me fizeram ter o maior respeito e carinho por quem ele é. Me senti amiga e amada.

Falei prá ele coisas que eu normalmente só falava para os guris (Vini, Rêna, Z).
Cheguei a dizer isso. Que ele é o primeiro hetero para quem eu falava da minha vida, sem censuras e que não me deixava assustada ou com receios dos julgamentos (até por que, ele tem todo o direito de pensar o que quiser, eu só não ficava encucada com isso).

E nesse meio de amizade, nós também transamos.
E eu também não fiquei encucada com isso.
Fiquei leve, relaxada e curtia.
Consegui falar com ele sobre como foi a energia entre nós no sexo, de como eu me senti, do que eu curti ou não. Ouvi o que ele sentiu, viu, percebeu.
Novidade total na minha vida.

Mas...
Então ...
No dia em que o Vini estava voltando para Porto (10/12) nós transamos de novo.
A transa mais doida do meu último ano.
Eu, totalmente, presente, safada e amorosa, com o cara mais presente, safado e amoroso com quem eu já transei. Parecia que não havia nada que nos parasse.
Energia saindo pelos poros, e que parecia aumentar a cada momento.
Não fôssemos os dois, os "filhinhos responsáveis" de suas mães, não teríamos ido ao trabalho para continuar transando.
E aí .. deu um tumulto dentro de mim.
Fiquei mexida.
O corpo estava super consciente dele.
A cabeça estava desnorteada, perdida.
O coração preenchido.
Eu nem sabia o que eu estava sentindo, mas ... era tão bom que eu resolvi não encanar, não ficar batendo cabeça na idéia, só curtir.

E daí nesse final de semana, bêbada depois de muita vodka, falei um monte de coisas prá ele sobre como me sinto, e da insegurança que me veio de ficar tão mexida.
Só que eu tava bêbada e ele também.
Mas falei sobre perceber o quanto ele precisa entrar numa relação para ser validado como homem, o que é uma viagem, pois ele é um HOMEM, com tudo que tem direito e não precisa provar nada prá ninguém.
E eu entendi que ele não vê isso.

E eu me entendi.
Pois eu também não me vejo como uma mulher com valor, beleza e força.
Mas, isso não quer dizer que eu não tenha isso.
Apenas que eu não enxergo.
Ou não quero enxergar prá continuar sendo a coitadinha,
Prá continuar não dando certo,
Prá continuar recebendo migalhas, que é a única coisa que eu me considero merecedora.

Nossa ... foi uma luz entender isso.
Enxergar o meu valor, me deu uma alegria, um ânimo, uma vontade de investir em mim, me cuidar mais ainda.
E de seguir na busca de viver uma relação intensa, em que eu esteja presente, amorosa e safada como eu, realmente, sou e gosto de ser.

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Garibaldi, RS, Brazil
Sem palavras pra descrever