domingo, janeiro 15, 2006

Escrever

Quando eu era criança, eu sonhava em me tornar escritora.

Foi depois que eu li o livro "A bolsa amarela" que esse pequeno sonho,
começou a se desenvolver dentro de mim.
Eu tinha uns 8 ou 9 anos.
Nunca levei-o muita a sério, mas ... a idéia,
algumas vezes, volta.
Ontem, durante a noite, a idéia veio de novo.
E se eu conseguisse escrever sobre toda a minha vida???
Se eu conseguisse colocar no papel (mais provavelmente no computador) todas as coisas insuportáveis que a minha mente cria ... me deu uma sensação de que seria libertador.
Poder compartilhar a tempestade que existe dentro de mim,
ou também compartilhar meus vários momentos vazios.

Mesmo que as pessoas falem que eu escrevo demais e falo de menos
(que é uma coisa com a qual eu concordo em algumas vezes)
eu sinto que quando eu conseguia escrever, eu ia me soltando...
Tirando um peso das minhas costas... e do meu coração.

Hoje, eu não sei se consigo ... só escrevo no blog e,
na real, nem sempre gosto.
Às vezes é um saco!!!
Mas acho que tem mais relação com o momento que eu estou vivendo,
do que achar realmente ruim escrever.

Eu quero conseguir falar de tudo que eu sinto:
da tristeza, da raiva, da frustração, dos medos, das angústias,
loucuras, delírios, .... das pessoas.
Da minha vida, do meu passado, da minha origem!
Deixar o verbo que existe dentro da minha cabeça criar forma.
Compartilhar com todos a minha forma de pensar e ver.

Ontem eu estava me lembrando de momentos da minha vida ...
lembrei de como eu conheci o Fernando Vieira, por exemplo.
Funcionaria como roteiro para uma daquelas comédias românticas americanas.
E foi tudo real! E tinha vários detalhes tão bonitos!
E eu nunca tinha percebido antes, veio ontem, pela primeira vez.

O que perturbou a nossa relação, que era profunda, amorosa e sincera,
foi a culpa que carregamos junto com a paixão.
A culpa por sentirmos tesão um pelo outro,
e por termos sido ensinados que isso era errado,
não combinava com uma relação que o Senhor abençoasse.
Quanta dor, quanto peso e ressentimento, isso criou para os dois.
Quanto o meu medo de ser tocada e de me apaixonar,
criou vários outros obstáculos na nossa relação.
Em alguns momentos, eu o infernizei tanto, para que ele não me suportasse e fosse embora...
E ele até que resistiu bem, por várias vezes.
Eu tentava provar que os homens não valiam o risco.
Mas só compreendo, que era isso que eu estava fazendo, agora.
Namorei ele dos 18 aos 20 anos, entre idas e vindas,
e só compreendo muitas coisas que disse e fiz, agora.
E estou com 35 anos.

Tenho lembranças bem bonitas de nós dois.
Lembranças que são como uma fotografia dentro da minha cabeça.
Porque eu acredito, que algumas lembranças são tão bonitas,
importantes e tocantes, que elas se tornam fotografias tiradas pelo coração.
Eu tenho várias. Algumas delas, eu tirei com o Fernando!
Tenho fotografias lindas tiradas com diversas pessoas, e acho que nunca contei isso para elas.
Talvez, se eu começar a escrever sobre essas coisas, e registrá-las no blog ou mesmo em um livro, mais pessoas compreendam o quanto elas foram ou são importantes prá mim.
Mesmo que hoje nossa relação não tenha a proximidade que já tivemos, elas fizeram parte da minha história e são únicas, insubstituíveis, raras, prá mim.

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